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É falsa informação de que Ciro Gomes afirmou que, se eleito, irá reduzir salário de médicos

15:57 | Jun. 05, 2018
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A informação de que o pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou que pretende diminuir o salário de médicos caso vença as eleições desde ano é mentirosa. Boatos divulgados por meio de redes sociais e portais de notícias apontam que o pedetista tem como proposta interferir nos valores pagos e na formação oferecida pelas universidades à categoria. No vídeo em que trata do assunto, o cearense não menciona a intenção de intervir nas remunerações. Contudo, pede mudanças na formação dos profissionais. 

Ciro critica a restrição à abertura de novos cursos no setor, o que, "pela lei da oferta e demanda", provoca o aumento da remuneração exigida. “O salário dos médicos no Brasil, no interior do Ceará, é completa e exorbitantemente fora da realidade. Não que eles não mereçam, acho que uma formação desse nível merece o melhor salário, mas estou explicando a realidade brasileira, (em que) você tem os salários completamente fora da realidade”, disse.
 
O vídeo original foi divulgado no canal no Youtube de Willian Cardoso, que também conduziu a entrevista, em 30 de junho de 2016, durante viagem do pré-candidato a Rosário, na Argentina, para realização de palestra. Originalmente, a conversa durou 14 minutos e 5 segundo. O trecho divulgado para propagar o boato tem 3 minutos e 30 segundo.
 
Confira o vídeo original: 
 
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Mudanças
 
O pré-candidato defende a necessidade de “reestatizar” a formação dos estudantes da área. Para ele, submeter o surgimento de novos cursos de capacitação — principalmente as especializações — às entidades médicas fortalece o corporativismo e reduz a oferta de profissionais. “Na formação brasileira, você ultraespecializa o jovem estudante já na escola, e precisamos de profissionais generalistas para fazer atenção básica. Temos um problema de formação”, concluiu.
 
“Se não houver uma questão de ordem pública que interfira na formação, que se pondere o orçamento discriminado de recursos humanos, inverta a lógica de uma especialização muito precoce para uma formação generalista, quem sabe essas ideias de fazer a primeira residência na saúde da família e depois vir... Como os promotores, por exemplo, eu simpatizo com a carreira de estado médica”, disse. 
 
Na entrevista, ele destaca o exemplo do Ceará, onde há cobertura total pelo Programa Saúde da Família. O dado é confirmado pelo Departamento de Atenção Básica (DAB), do Ministério da Saúde. Segundo o órgão, 184 municípios do Estado têm agentes comunitários de saúde e equipes de saúde da família.
 
Ciro, contudo, afirma, equivocadamente, que o número de anestesiologista está em decréscimo no País. “Hoje, temos menos que há 15, 10, 20 anos, porque, sem deliberação politicamente legítima, por mera pressão e contrapressão de grupos corporativos, delegamos às entidades médicas a faculdade para credenciar as residências e habilitar o número de vagas”, disse. 
 
Em 2008, havia 11,9 mil médicos anestesiologistas no Brasil, segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Já em 2018, o número de pessoas com o título de tal especialidade chega a 23 mil, conforme informações da Demografia Médica no Brasil 2018.
 
A assessoria de imprensa do pré-candidato defendeu que a informação sobre a suposta proposta de reduzir o salário dos médicos é mentirosa. “No próprio vídeo fica claro que Ciro Gomes não fala em reduzir salários, ao contrário, diz textualmente que ‘profissionais com essa formação merecem os melhores salários’. O que ele trata no vídeo é sobre a questão da formação médica, defendendo o aumento do número de vagas ofertadas nas universidades e a ampliação do atendimento médico no interior do país”, disse em nota. 

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