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Íntegra da entrevista com Prem Baba
Vida & Arte

Íntegra da entrevista com Prem Baba

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O POVO - O senhor é autor de outros livros lançados anteriormente, como Transformando o sofrimento em alegria e Amar e ser Livre. Qual a principal mensagem que pretende passar com o novo, Propósito?

Prem Baba - A principal mensagem é que a vida tem um propósito, tem um significado, tem um sentido que é revelado na medida em que você se move em direção a ele, começa a querer de fato descobrir qual é a razão maior do seu nascimento, qual é a razão de você acordar de manhã. Com isso, eu compreendo que vai acordando também dentro de nós um sentimento de pertencimento, de encaixe, de poder se sentir guiado e livre da solidão, que muitas vezes é gerada por esse sentimento de desencaixe, não saber qual seu lugar no mundo. A principal mensagem é dar à pessoa a chance de ela descobrir qual é o lugar dela no mundo e com isso se livrar da angústia de não pertencer.

 

OP -Como a ideia de encontrar um “propósito” tem relação com a trajetória do senhor?

Prem Baba - Eu estou transmitindo nesse livro a minha experiência, porque em dado momento na vida eu me percebi completamente perdido, sem direção, a vida não estava fazendo sentido, mesmo que eu estivesse trabalhando e tendo bastante sucesso com meu trabalho no mundo. Eu estava numa fase de muito crescimento profissional e me considerava uma pessoa de sucesso, mas carregava dentro de mim uma angústia. Fui procurar o que estava faltando pra mim, procurar o que estava desencaixado. É aí que eu encontrei realmente o que faltava. Faltava eu colocar para fora alguns aspectos do meu propósito. Eu já estava de certa forma próximo dele, trabalhando na área, com psicologia, tratando do sofrimento humano, colaborando com o despertar da consciência, mas não estava completamente pronto, maduro, para entregar para o mundo todo o meu tesouro. E aí só quando eu realmente descobri isso e pude colocar esse amor em movimento no mundo através dos meus dons, de forma consciente e intencional, me libertei daquela angústia e completei meu ciclo e, hoje, estou podendo guiar outras pessoas nessa transição. Às vezes não é de carreira, às vezes é interna, de um estágio de consciência para outro, é uma percepção a respeito da vida e o que você está fazendo com ela.

 

OP - De que forma essa autodescoberta, um percurso individual, se reflete e influencia na coletividade?

Prem Baba - Na medida em que você se encontra e se torna, então, um canal do bem, do amor, coloca os seus dons e talentos a serviço, você começa a irradiar coisas boas e começa a criar um círculo virtuoso onde cada vez mais pessoas são influenciadas pelo seu bom humor, entusiasmo, inspiração, boa energia. Você acaba se tornando um elo na cadeia de felicidade onde cada vez mais coisas boas passam por você para chegar no outro. Enquanto você está ainda inconsciente a respeito do seu propósito, você acaba sendo canal de amargura, maledicência, reclamação, lamúria, e acaba influenciando o outro também a essa energia negativa. Quando você se encontra, aí você tem o que oferecer de bom para o outro. A luz passa por você para iluminar o outro.

 

OP - Trazendo a ideia do propósito para termos de Brasil, num momento tão polarizado e agressivo, o senhor acredita na existência de um propósito para o País?

Prem Baba - Eu vejo que existe um propósito pessoal e um propósito coletivo, da cidade, do estado, do País. Sinto que tudo começa com a descoberta do propósito pessoal. Esse fenômeno que a gente tem visto, especialmente nas redes sociais e mesmo alimentado pela mídia, de muita violência, desrespeito, muito ódio, é uma sinalização, uma forma de aferir o quão distantes nós estamos do nosso propósito. Essa pessoa que está sendo canal desse ódio, dessa guerra, está longe do propósito. Se ela estiver alinhada com ele, vai enaltecer o bom do outro, estimulá-lo a crescer. Esse momento é um sinal que o Brasil está em processo de acordar, no momento de transição, como se tivesse despertando para se tornar consciente do seu propósito. Inclusive por isso tanto sofrimento. Para acontecer o despertar, às vezes, temos que nos desfazer de crenças limitantes. Tem um sistema de crenças sendo destruído e isso gera muito sofrimento por conta do apego que temos a essas crenças.

 

OP - Em Fortaleza, o senhor também fará um Satsang (espécie de palestra) aberto ao público no sábado, na Unifor (às 16 horas). De que forma esse tipo de momento junto aos seguidores ajuda no processo de escrever livros e vice-versa? Como as suas atuações como mestre espiritual dialogam entre si?

Prem Baba - O Satsang é um momento em que estou junto aos buscadores e posso senti-los, ouvi-los, receber as angústias e as perguntas. Vou respondendo ali, naturalmente, de forma espontânea. Com o tempo, vou reunindo essas perguntas que mais se repetem e acabo organizando meus discursos e transformando eles em livros. Escolhi o tema do propósito porque ele ficou se repetindo muitas vezes ao longo dos últimos dois anos. Essas perguntas “para quê eu nasci?”, “o que faço com meus dons?”, “para quê acordo de manhã?”, ficaram se repetindo muitas vezes. Acabei falando muito sobre o assunto em diferentes lugares do mundo, diferentes ocasiões, então produzi um vasto material sobre o assunto.

 

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