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O Negócio dele é inovar
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O Negócio dele é inovar

Ao readaptar conceito de laje, engenheiro Joaquim Caracas reduz tempo e mão de obra
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O mercado imobiliário demanda novas ideias e, principalmente, soluções. Joaquim Caracas, fundador da Impacto Protensão, ganhou Prêmio CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil) de Inovação e Sustentabilidade com o Sistema Pavplus.

 

Ao readaptar o modelo de laje maciça e nervurada, ele conseguiu reduzir tempo e mão de obra. Agora, o processo de construção simplificado será exportado. É o que ele conta no programa Mercado Imobiliário, da rádio O POVO-CBN, com o jornalista Jocélio Leal.

 

O POVO - Em linhas gerais, o que significa readaptar o conceito de laje maciça e laje nervurada?

 

Joaquim Caracas - Inicialmente eu viajei para os Estados Unidos para buscar uma tecnologia que é a cordoalha engraxada, que é um cabo de aço, ele é plastificado. Esses cabos são inseridos dentro da estrutura, acompanhando um traçado parabólico nas lajes, e quatro dias após a sua concretagem, eles são tensionados. Isso aí não existia no Brasil, na época nós fizemos uma parceria com a Dap Corporation, lá fui aprender a calcular juntamente com o Hélder Martins Ricardo Brito, fui também trabalhar nas obras como operário para aprender a fazer.

 

OP- Como foi esse trabalho?

 

Joaquim - Na realidade, era uma tecnologia nova, uma coisa é você estar no papel, outra coisa é você na hora de implantar, começam a aparecer as dúvidas. Então, eu estava voltando e não ia poder ter dúvida nenhuma.

 

OP - Qual o balanço destes investimentos em inovação?

 

Joaquim - Hoje, nós temos esses softwares que ajudam bastante, mas a inovação é uma coisa que você entra e você não domina. Então, alguma coisa é experimental, mas só implantamos depois que nós temos a plena convicção, depois que fazemos todos os cálculos. O exemplo desse prêmio que nós ganhamos, o americano, ele está focado em mão de obra, e a nossa empresa é uma empresa de 22 anos e que o DNA forte dela é inovação. O que nós temos feito ao longo desse tempo é melhorar a produtividade, porque a produtividade não é responsabilidade da mão de obra, e sim dos seus processos. Nós temos criado vários processos, hoje nós temos oito patentes e temos 22 em andamento, e tudo que nós fizemos são ideias simples. Ideias que eu vi no supermercado e adaptei aos processos para montar essa cordoalhas. Uma dessa invenções, em janeiro, vai ser implementada nos EUA, quer dizer, agora nós estamos retornando, nós fomos aos EUA trazer tecnologia, agora nós estamos fazendo o inverso.

 

OP- Como vocês trabalham a cultura da inovação?

 

Joaquim - Para inovar, tem que ter a caneta, porque o seguinte, você (tem de) chegar para implantar. Isso aqui eu estou falando de 20 anos (de experiência), você querer mudar, os obstáculos são grandes, o pessoal não acredita. Então, lá na empresa é o seguinte, eu tive a ideia e digo: Rapaz, eu vou até o fim da linha. Os meninos também já me conhecem, e eu digo para eles o seguinte, a diferença de inovação para invenção, a inovação e a invenção têm que ter nota fiscal, não adianta ficar inventando besteira que não gere. Nós estamos focados em melhorias contínuas, é lógico que se eu chegar aqui e dizer que só acertamos eu estou mentindo. Existem erros e acertos, só que você tem que ter mais acertos do que erros. Agora como nós temos feito um negócio de melhoria contínua, às vezes eu chego para o meu pessoal e digo: é melhor feito do que perfeito. E aprenda com quem sabe, por exemplo, nós estamos na universidade, nós temos consultoria com o Zé Ramalho, se quiser andar mais rápido, então é bom você juntar o pessoal de conhecimento para poder ter velocidade maior nos seus processos. Eu acho que uma das coisas que nós conseguimos é avançar porque nós vamos melhorando até chegar ao ótimo. Nós estamos, por exemplo, começando uma obra do Café Santa Clara, e cada viga tem 17 metros de vão, lá no Eusébio. Essa obra, as formas das vigas estão todas de plástico, é uma obra bem diferenciada.

 

OP- São tecnologias que o senhor desenvolveu aqui e vão ser exportadas?

 

Joaquim - É, uma dessas, que é a cordoalha marcada como eu lhe mostrei, que lá nos EUA é feita de uma forma bem artesanal, e esse da cordoalha marcada dá velocidade, você consegue trocar mão de obra especializada pela menos especializada com velocidade. Sem comprometimento nenhum dos fundamentos, é apenas um processo. Por isso que eu digo, se não existir processo não funciona, não adianta você encher de madeira a obra, e o carpinteiro pode ser aquela pessoa altamente habilidosa, mas não vai ter produtividade, porque o processo passa a ser muito artesanal. E tudo que nós fizemos são coisas simples, para você ter uma ideia, qual é a base desse prêmio: o americano faz as lajes maciças protendidas, sem viga, é uma forma totalmente plana.

 

OP- Traduzindo, uma laje maciça é aquela que eu olho para o teto e ele é inteiriço?

 

Joaquim - Inteiriço, não tem nenhuma interferência, que é a viga. É totalmente livre. A cordoalha engraxada, você dá condições de fazer dessa forma. E aí o que acontece, ele (americano) faz as lajes com 20, 25, 30 centímetros maciça, e se você verificar aqui no Brasil, aqui tem a cultura da laje nervurada. São as lajes colmeia, quando você entra nos prédios vê aqueles buracos, ali é uma forma plástica, que você concretou e tirou. Lógico que aquele espaço é preenchido com concreto nos EUA, aqui eu consegui subtrair esse concreto. Aquilo ali nós apenas fizemos o que: nós passamos a fazer a soma plástica, criamos processo, criamos modularização, nós aperfeiçoamos o que era artesanal.

 

OP- O senhor trabalha com essa tecnologia desde quando?

 

Joaquim - Essa tecnologia tem uns três anos, o conceito a ser executado tem mais ou menos uns oito meses, já temos alguns prédios em execução. O que nós demoramos mais foi exatamente para readaptar e ficar totalmente dentro das normas brasileiras.

 

OP - Como é trabalhar o mercado nacional a partir de Fortaleza? Qual o tamanho da Impacto no Brasil?

 

Joaquim - É importante salientar que às vezes você acha que (para) inovar você tem que estar na NASA, no Vale do Silício, e se não for assim não funciona. Nós estamos em um Estado, que hoje é um dos estados mais pobres em recursos naturais do Brasil, e nós estamos levando tecnologia para esse País todo. Hoje, você pode chegar em qualquer parte, qualquer escritório de cálculo, ele já tem o conhecimento da Impacto, já conhece o Caracas, e sempre nós estamos no processo de melhoria contínua. Nós temos departamento na empresa só para pensar, eu trago aquelas cabeças pensantes da UFC, da Unifor, do ITA, do IME. Eles vem para cá e, por exemplo, nós temos já dois engenheiros formados no ITA e trabalhando com a gente. Para você ter uma ideia, a ArcelorMittal é o maior grupo siderúrgico do mundo.

 

OP- Como foi o impacto da crise na Impacto?

 

Joaquim - Nós começamos a pegar mais obras, quando começou a crise a gente tinha 30% das obras, aí fomos inovando, mostrando através da alavanca, e todo mundo passou (a fazer) com a gente. Para você ter ideia, na inovação, nós temos 97% das obras do Ceará. É muito difícil, você pode rodar aqui em Fortaleza, essas obras no Ceará, vai ser muito difícil a Impacto não estar presente, mas isso aí é só em função da inovação

 

OP- Mas são menos canteiros.

 

Joaquim - Menos canteiros, mas tem muita (obra). Agora, nesses "finalmente", tem muita obra de hospital, de shopping, saiu muita coisa. Isso aí, o Brasil já sinalizou que vai crescer, e eu sempre digo para o pessoal que o Brasil está fadado a dar certo. O brasil tem tudo para ser feito, outro dia eu estava com a minha esposa em Paris, entrei no trem bala, aí vai mostrando a velocidade e eu digo: Rapaz, o Brasil ainda não tem nada. Muita coisa por fazer. Você vê o agronegócio, ele é perfeito da porteira para dentro, o problema que atrapalha é da porteira para fora, que tem tudo para ser feito.

 

90%
É a
porcentagem máxima de redução de madeira nas obras com sistema da Impacto

 

HOTEL

O Vale das Nuvens é um hotel de plástico criado pelo empresário Joaquim Caracas - uma exceção dentro da expertise dele em concreto. "Eu resolvi fazer um hotel de plástico reciclado, o pessoal já foi dizer que não ia dar certo. Nós fizemos e ele é considerado um dos melhores hotéis da serra, inicialmente eu pensei que eu ia ter de bancar a operação, mas era um projeto de vida meu. E felizmente não foi necessário, ele é autossustentável."

 

Mercado Imobiliário

Acompanhe o programa na Rádio O POVO-CBN (FM 95.5; AM 1010) e O POVO-CBN CARIRI (FM 93.5) toda segunda-feira às 14h (horário local)

  

OBRAS

 

A Impacto Protensão presta serviço para construtoras em Fortaleza, Manaus, Belém, São Luís, Teresina, Natal, João Pessoa, Recife, Aracaju, Rio de Janeiro e São Paulo.

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