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Beira mar vista de cima
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Beira mar vista de cima

Otacílio Valente comanda a Colmeia ao lado do filho do fundador, Ronaldo Barbosa. O engenheiro projeta arranha-céu e traça cenário para a compra de imóveis
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O maior arranha-céu da capital cearense está prestes a ser construído na Beira Mar, mas de que forma uma torre de 52 pavimentos impactará na configuração urbanística de Fortaleza? As controvérsias envolvendo os prédios cada vez mais altos são mencionadas pelo diretor presidente da construtora Colmeia, Otacílio Valente, em entrevista a Jocélio Leal no programa Mercado Imobiliário da Rádio O POVO/CBN.
 

A previsão é que o edifício “One” seja concluído em até cinco anos, e as obras já iniciam neste segundo semestre. Morar em um residencial de luxo com vista para o mar e para o calçadão, em localização estratégica - entre a Igreja da Saúde e o Parque do Riacho Maceió - não sai barato. O modelo de condomínio fechado construído a preço de custo foi escolhido e, segundo 

Otacílio, o número não revelado de interessados já paga o empreendimento.
 

Otacílio aponta este ano como o melhor momento para comprar imóveis, em estoques que começam a ser vendidos com preços 20% mais baixos. Na Colmeia, o ano ainda será para adquirir terrenos bem localizados, preparar e licenciar projetos a serem lançados em 2019. Por fim, ele fala dos dois resorts da Colmeia no Porto das Dunas, rebatendo críticas quanto à ocupação do espaço natural.
 


O POVO: Desde meados do ano passado, um projeto com assinatura da Colmeia está sob análise da Prefeitura. Uma torre de 52 andares no bairro Mucuripe. Em junho de 2017, o senhor falava na expectativa de ver o projeto aprovado até o fim do ano passado para começar as obras este ano. Como está agora?
 

Otacílio Valente: A gente já tinha alvará, tudo aprovado desse empreendimento. Com a possibilidade de utilização da lei da outorga onerosa, a gente viu que era possível fazer um prédio em cima do outro, ao invés de você ter duas torres com 23 pavimentos. Essa forma que adotamos de colocar um prédio sobre o outro traz grandes benefícios, primeiro porque você torna a torre mais esbelta. Os apartamentos vão ficar com todas as suítes voltadas para a Beira Mar, com vista permanente, de frente para um parque que faz parte da operação consorciada, além de que você libera mais espaço lá embaixo para uso de áreas comuns, ventilação, iluminação e todos os outros benefícios.
 


OP: O senso comum condena prédios muito altos, há o temor de criar um paredão que causaria o aumento da sensação térmica na cidade. O que você argumenta?


Otacílio: Na verdade, a cidade de Fortaleza tem uma característica geográfica, com relação à Beira Mar, é que os ventos sopram do continente para o litoral. Então, os ventos em Fortaleza na região da Beira Mar são sudeste, diferentemente da Praia do Futuro. Por que que a Praia do Futuro é única, especial em termos de você morar na Beira Mar e não ter nenhuma, aparentemente, dificuldade com a maresia, oxidação? Porque que na Beira Mar de Fortaleza, os ventos sopram do continente para o litoral, acontece o inverso na Praia do Futuro. Então, um edifício construído na Beira Mar de Fortaleza não traz nenhuma repercussão do ponto de vista de diminuir a ventilação no interior da cidade, nenhum prejuízo desse tipo.
 


OP: O senhor ratifica que é mito?


Otacílio: Com certeza, é um mito total provado cientificamente.
OP: Do ponto de vista urbanístico, por que é interessante prédios mais altos?
Otacílio: Nós temos aí diversos projetos, alguns já aprovados, como a torre Ivens Dias Branco, ali no antigo hotel Esplanada, a torre San Carlo, na Praia de Iracema. Fortaleza vai passar agora por uma nova fase de empreendimentos com altura a partir de 95 metros, e não mais com 72 metros. Belém tem prédios mais altos que nós, João Pessoa, na Paraíba, Campina Grande. João Pessoa tem o segundo edifício mais alto do Brasil. A Beira Mar não tem prédios altos, mas a posição geográfica de João Pessoa difere da de Fortaleza, acontece exatamente aquilo que há pouco estávamos argumentando, o vento lá assopra do litoral para o continente.
 


OP: O mercado está mais contido pela crise?


Otacílio: Eu diria que o grande dificultador do mercado hoje, de novos lançamentos é que ainda temos um estoque razoavelmente grande. Nós temos um estoque aí de umas cinco mil unidades, eu diria que hoje é o momento mais propício para a pessoa comprar um imóvel, porque nós estamos vendendo imóveis 20% abaixo dos preços que esses imóveis tinham há três anos. Recentemente eu estava comentando isso, e um familiar meu disse assim: por que só agora vocês estão dando esse desconto, há três anos teria vendido. Achando ele que lá atrás a gente queria ganhar mais, eu digo não, não é isso. Hoje nós estamos vendendo com 20% abaixo porque a gente tem que pagar o financiamento do banco, não interessa para a gente ficar com o estoque, porque ele custa condomínio, IPTU, manutenção. Então, tem que girar, e se aquele imóvel já está realizado, agora é tocar para a frente e ir buscar resultados nos próximos investimentos.
  

 

OP: O mercado está aberto para negociar, como está a habilidade e a disposição para isso?
 

Otacílio: Sim, as empresas de um modo geral tem sido muito flexíveis, porque às vezes é a própria necessidade que impõe. Quando eu falo 20%, tem produtos que você não precisa dar 20% porque são melhor localizados, tem um desejo maior, os descontos são menores. Já tem produtos que chega até mais do que 20%, é uma pesquisa razoável, encontrada no mercado.
 


OP: A Colmeia fez o Aquaville e mais recentemente o Golf Ville, são dois cases no mercado que venderam muito bem. Você é crítico do discurso ambiental do movimento que é contra qualquer tipo de ocupação que fique ali perto da praia. O que você rebate?


Otacílio: Eu não sei a quem interessa preservar uma duna que só tem areia, não traz nenhum benefício. Eu gosto de repetir que quando nós fomos intervir para a construção do Aquaville e Golf Ville lá não tinha onde um pássaro pousar, a areia era muito quente e nem o pássaro aguentava botar os pezinhos dele naquela areia. Hoje, se você for em qualquer um desses dois empreendimentos você vai encontrar centenas de pássaros das mais diversas espécies, água, pessoas trabalhando, verde, frutas, é uma coisa encantadora. Então, ao contrário, nós não desvalorizamos a natureza, nós melhoramos a natureza e deixamos ela disponível para as pessoas utilizá-la. Até porque, um resort que você vende ao cliente é o lazer, mas um lazer atribuído a recursos naturais.   

 

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ALTO LUXO


Dos 52 pavimentos do edifício “One”, quatro são de estacionamento e os outros dois de lazer. Cada apartamento terá cerca de 600 m² e deve custar aproximadamente R$ 7 milhões pela estimativa da Colmeia. Os proprietários, por meio do modelo de construção, têm autonomia para fazer alterações no projeto. “Digamos que quando a gente sinalizou com o orçamento o projeto, a previsão era colocar um mármore de 1m por 1m e os proprietários decidem que vão querer de 1,5m por 1,5m importado da Itália ou trazido não sei de onde. Então, os preços vão crescendo e evidentemente que isso pode ter reflexo no custo final, cada um pode, o grupo de proprietários pode junto alterar as especificações ou para melhor ou para pior, normalmente para melhor”, diz Otacílio.   

  

COMPACTOS

A sanção da lei da fração do lote tornou a cidade apta a ter apartamentos menores, tais como os de outras capitais em que a tendência dos compactos é consolidada. Para Otacílio, a mudança sinaliza o fim do desperdício construtivo de terreno. Ele considera a viabilidade de apartamentos menores tanto na região do Guararapes, onde há várias universidades, como no Meireles, bairro almejado para moradia. 

 

MULTIMÍDIA
 

Confira a entrevista com Otacílio Valente na íntegra em http://bit.ly/
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