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Não pode ser assim
Opinião

Não pode ser assim

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Beatriz Cavalcante
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Jornalista do O POVO (Foto: )
Foto: Beatriz Cavalcante beatrizcavalcante@opovo.com.br Jornalista do O POVO

Um País extremamente dependente de rodovias e sem o básico em boa parte das estradas: infraestrutura de qualidade. Apenas na melhora deste fator, já haveria impacto no menor consumo de combustível e desgaste de veículos, além de redução de acidentes e mortes.

Conforme estudo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), de 2018, a realidade é que mais de 60% do transporte de cargas e de 90% dos deslocamentos de pessoas no Brasil são realizados via rodovias.

Muitos dos que viajaram pelas BRs e CEs, neste feriado da Semana Santa que passou, devem ter visto como as viagens se tornaram mais demoradas. Com a gasolina a R$ 4,79 na maioria dos postos de combustível de Fortaleza e a R$ 4,85 em outras cidades do Ceará, os gastos dos viajantes se intensificaram.

Mas, pagamos muito mais. É dinheiro do contribuinte a cada período chuvoso que vai literalmente para os buracos nas estradas. Não há dúvida que deve haver investimentos, mas que eles sejam consistentes.

Apenas o Governo do Ceará chegou ao fim de 2018 com 792 quilômetros de malha rodoviária estadual em obras. Foram trabalhos de restauração, pavimentação e duplicação.

O investimento foi de R$ 810 milhões, captados do Tesouro do Estado, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio do Departamento Estadual de Rodovias (DER), e do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), por meio da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur). Neste ano, devido às chuvas (elas não têm culpa!), mais R$ 150 milhões foram anunciados para recuperações. De 2015 até primeira quinzena de dezembro de 2018, exatos R$ 1.571.053.646,50 foram gastos.

Do total em construção no ano passado, 84% correspondiam aos serviços de pavimentação (323,26 km) e restauração (345,27 km). Apenas 15,5% foram referentes a duplicações (123,32 km). Percebe-se que o investimento maior se dá no reparo.

Mas não é diferente em outras regiões. No Estado, o trecho federal da BR-222 que rodei, pelo menos a parte que liga Fortaleza a Ubajara, obrigava veículos de todos os portes a trafegar, por vezes, no acostamento. Na própria Capital, no cotidiano de ir e vir ao trabalho, o pavimento não é mais uma batalha naval. Já sei de cor onde todos os buracos estão. E o perigo é se acostumar a conviver com essa realidade. Não pode ser assim. 

 

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