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Tributo a Boechat
Opinião

Tributo a Boechat

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Eduardo Gibson Martins
Juiz de Direito
 (Foto: Eduardo Gibson Martins)
Foto: Eduardo Gibson Martins Eduardo Gibson Martins Juiz de Direito

Transparência, simplicidade, informalismo, improviso, bom humor, ironia fina e precisa, uma sintonia química com o público; enfim, uma forma irreverente e divertida de fazer jornalismo que acaba entretendo tanto o telespectador quanto o ouvinte de rádio ou, ainda, o leitor de jornal. Eis aí o que a genialidade de Ricardo Eugênio Boechat conseguiu amalgamar com maestria em sua intensa vida de comunicador, num "três em um" jornalístico de pura sedução, de alto magnetismo, além de inédito num país em que a imprensa nem sempre logra cumprir com fidedignidade seu relevante papel de lanterna da democracia.

Boechat chutava com as duas (âncora de TV e apresentador em rádio) e ainda tinha uma cabeçada (coluna em periódico) demolidora. Era o "Pelé do Jornalismo". Contudo, além de todo esse talento, o que de fato atraiu em torno de sua aura notório respeito, até dos destinatários de suas críticas mais ácidas, foi a sua independência. E assim viveu, sempre com franqueza e alegria.

Difícil avaliar, portanto, a perda pela abrupta saída do cenário nacional de um formador de opinião dessa magnitude, ainda mais em período tão estratégico para o País, de retomada do crescimento econômico e de construção de uma democracia autêntica, mais transparente, que privilegie o mérito, a probidade e as liberdades civis e democráticas.

Sim, inestimável a perda, mas sobrevive o legado. A imprensa pátria haverá de viabilizar o surgimento de muitos outros Boechats, no que tange à sensatez, coragem e credibilidade sustentável pela independência do jornalista, para que nos tornemos, enfim, uma sociedade verdadeiramente livre, viciada em democracia, sedenta de justiça legal e social e amante da paz pública.

Paz pública... Se Boechat sobrevivesse, o pacote anticrime de Moro teria sua luz. Com sua encantadora irreverência, e coerência que faz lembrar Barbosa Lima Sobrinho, o imortal Presidente da ABI, Boechat mandaria aos capi do crime organizado um recado mais ou menos assim: "O trema caiu só na ortografia; para os bandidos, não! Então, trema a bandidagem!". Independência é tudo. Com estilo então... melhor ainda. n

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