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Responsabilidade social nas empresas
Opinião

Responsabilidade social nas empresas

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Geraldo Luciano - Administrador de empresas e advogado (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Geraldo Luciano - Administrador de empresas e advogado

Durante muito tempo as empresas e os empresários viram questões de sustentabilidade, meio ambiente e governança como custos. A ótica era a de que obedecendo à lei e gerando empregos as obrigações da empresa estavam cumpridas. Hoje em dia, porém, a responsabilidade social é vista como uma obrigação das empresas e não mais como favor.

A adoção de um conjunto de políticas e ações pautadas pela preocupação em não agredir e, na medida do possível, em proteger o meio ambiente e contribuir efetivamente com alguns projetos sociais é algo positivo não apenas no sentido ético, mas também como forma de favorecer a imagem da empresa perante seu público consumidor, assegurando-lhe credibilidade no mercado.

A verdade é que não há incompatibilidade entre sustentabilidade e criação de valor para o acionista. Um desgaste de imagem traz prejuízos incalculáveis, sobretudo no caso das empresas de capital aberto com ações em bolsa. Na tragédia de Brumadinho, por exemplo, a Vale teve a maior perda de valor por dia na história do mercado brasileiro: 71 bilhões de reais.

No seu discurso em Davos, o presidente Bolsonaro afirmou ter como uma das suas missões "avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis." De fato, o são, embora uma gama de publicações apressadas tenham associado diretamente a tragédia em Minas ao capitalismo, sugerindo, inclusive, a estatização da empresa cujo processo de privatização já foi realizado com o Estado do outro lado do balcão, configurando com isso aquilo que especialistas chamam de capitalismo de laços, de Estado ou de compadrio.

Ora, é justamente a ausência de separação entre as instâncias políticas, econômicas e regulatórias que cria situações nas quais o ente público que deveria fiscalizar e punir opta por favorecer a empresa sob sua influência. É essa confusão entre o público e o privado e não a ordem de mercado que dificulta o compromisso de levar a ética, a moralidade e o combate à corrupção para a vida empresarial. n

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