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O mercado respeita os LGBTs
Opinião

O mercado respeita os LGBTs

Edição Impressa
Tipo Notícia

Jocélio Leal

leal@opovo.com.br
Jornalista do O POVO

Hoje é Dia do Orgulho LGBT. Deve ser mais fácil ser gay em Nova York. O ventre da besta capitalista é acolhedor. Bem diferente de Pyongyang, Havana ou mesmo Moscou. Na megalópole, a chamada diversidade trafega serelepe. As pessoas são mais independentes e mais abertas. Nova York é a cidade com maior número de residentes que se identificam LGBT (Ou LGBTI, ou LGBTQ, como queiram).


Falam em pelo menos 30 identidades de gêneros. Dentro dos EUA, NYC é uma das cidades mais seguras para a referida comunidade. Não foi por gravidade. Certamente, os avós de hoje penaram muito com aquele 1969 (um 28 de junho, como hoje, daí a efeméride). Enfrentaram muita rejeição e preconceito. Foi naquele ano o episódio do bar Stonewall. Um marco.


No Brasil, a roda gira mais lenta, mas avança. Seguindo as mudanças de comportamento, as empresas mais atentas farejam o cenário. Há dois anos O Boticário enfrentou um processo no Conar por suposto “desrespeito à família brasileira”. Foi por uma campanha de Dia dos Namorados com casais heterossexuais e homossexuais. Bem antes, em 2002, a paulista Tecnisa se posicionou como Gay-Friendly. Virou case citado por Philip Kotler.


Naquele ano, percebeu que na decisão do acabamento, por exemplo, um casal gay gastava 25% do valor do apartamento versus heterossexuais. Estes não investiam mais de 12%. Contratou um consultor para treinar os funcionários para o trato com o nicho. Percebeu que este público tem mais sensibilidade e percepção e era mais exigente. A incorporadora viu na época, dentre outros traços, que o público em questão apreciava cozinha americana, banheira de hidromassagem e ducha higiênica em todos os banheiros.


Este é o ponto. Em países livres ninguém é obrigado a nada. Apenas a seguir as leis. Para além da legislação, existem as leis de mercado. O discurso militante, seja qual for, costuma ser enfastiante e impertinente. À luz do nobre direito de lutar por seus interesses, resvala na censura. Perde o ponto. Acontece nas redes sociais, esta comédia humana onde nada é eterno, acontece no discurso médio da imprensa.


Em nome das bandeiras, comete-se a patrulha. Transforma-se em prioridade aquilo que não chega a ser. Beatifica-se o que nem se pretende sagrado. Dramatiza-se o crime comum. Tudo em nome da militância. Às favas até com o bom e velho jornalismo.


Para as empresas, vale muito mais do que o pensamento de seus proprietários melhorar o fluxo de caixa. Para aumentá-lo, é preciso mais clientes. Assim, o pensamento dos consumidores precisa ser lido e as respostas devem ser dadas.


Mises chamava de soberania do consumidor. Portanto, a economia é definidora. O mercado é sábio e se alimenta de liberdade. Alguém já disse que a sociedade livre não é aquela na qual se dá tanto enfoque às diferenças a ponto de exacerbá-las. Seria o contrário: uma sociedade em que se dá tão pouca importância às diferenças a ponto de elas, embora múltiplas, se tornem banais.

 

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