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Ideias. Um ano de Maia Júnior
Opinião

Ideias. Um ano de Maia Júnior

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Tipo Notícia

Amanhã, 2 de fevereiro, é Dia de Iemanjá. E também é o dia em que Maia Júnior completa um ano à frente da Secretaria do Planejamento e Gestão do Ceará, a Seplag. Sua posse naquele momento significou uma espécie de cavalo de pau do Governo Camilo no intervalo da partida. Bem no meio do mandato, o governador sentiu que sem mexer na equipe e no esquema tático não iria muito longe.

Até o final de 2016, Camilo estava atado a uma agenda de crises e paliativos, marca da gestão desde o nascedouro. Em larga medida pelas contas herdadas, em parte pelo secretariado que montou. Maia foi uma surpresa. 

 

Lembro como hoje de ter ouvido um interlocutor no final do ano anterior: - O que você acha do Maia neste Governo? Parecia uma hipótese pouco plausível. Mas as circunstâncias mostraram que não.  

Após idas e vindas, todas no setor privado, a decisão do governador foi chamá-lo. Juntou o perfil de mercado mais a experiência nos pântanos da máquina pública. Por força de uma imbricada equação, Maia vendera uma empresa que chegara a faturar perto de R$ 1 bilhão e integrou conselhos de administração de duas grandes companhias, Hapvida e M. Dias Branco. 

 

Ademais, trazia no currículo uma Vice-Governadoria e algumas pastas em diversas gestões anteriores. Poucos recordam, mas ele serviu a Maria Luiza Fontenele (prefeita de Fortaleza pelo PT de 1986 a 1989).  

Ao ser convidado, Maia optou por virar o pêndulo para a Seplag, a seguir o modelo vigente de chefe da Casa Civil como primeiro-ministro. Ao ser empossado, abriu sem cerimônia uma agenda liberal. Prometeu de cara agregar uma visão mais empresarial. %u201CEu quero secretários mais transversais e mais homens de negócios, isso é o que vai fazer o Estado ser melhor%u201D, disse ao O POVO pouco antes da posse, sem economizar a primeira pessoa.  

A abertura da dita agenda com mais vigor, aliás, tornou ainda mais nonsense a filiação partidária de Camilo. Até hoje, nem a presença de secretários petistas no time remete tanto assim ao Partido. Em verdade, aquela ida a São Paulo e aquele abraço em Lula na semana passada fizeram muita gente lembrar que Camilo é do PT.  

Convenhamos, Camilo fez o que a correligionária Luizianne Lins não quis ou não soube fazer em Fortaleza nos oito anos de Prefeitura: dar um abraço nos amigos e convocar um gestor para dividir o manche do transatlântico. Até Lula o fez, ao chamar Dilma para a Casa Civil pós-José Dirceu. Depois exagerou, entregando o quepe, mas aí é outra história...  

Na prática, Maia tem sido Maia. Vai pra cima e cobra resultados. Nos bastidores palacianos é notório o desconforto de alguns secretários, como o da Saúde. Com R$ 130 milhões a mais em 2017 ante 2016, Maia não engolia que o caso ali fosse falta de dinheiro. E tome cobrança. É um exemplo. Outro é na educação.  

Para encarar o mega-ultra-power esforço de encaixar os custos e tentar melhorar a receita, ele sabe haver dois alvos: elevar o máximo possível o investimento com receita própria e ser mais agressivo na atração de investimentos.  

A criação da holding para cuidar dos ativos do Governo segue este receituário, com esforço pessoal para evitar melindres com outro secretário forte, Mauro Filho, da Fazenda. O senso de urgência obriga a abrir várias frentes e gerar resultados até outubro e, quem sabe, zerar o cronômetro para mais quatro anos. O mar da história é agitado.

 

Jocélio Leal leal@opovo.com.br Jornalista do O POVO  

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