No importante processo de interiorização e internacionalização das ações educativas de nível superior, a universidade amarga os conflitos estruturais das desigualdades de gênero, que são agravados pela precariedade da infraestrutura na região, especialmente, relacionada às políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher, em seus eixos da prevenção, combate, assistência e garantia de direitos. Faltam os equipamentos previstos na lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), como delegacia especializada, centro de referência de atendimento à mulher, casas-abrigo, juizados especializados, dentre outros, embora o Maciço já conte com mais de duzentos mil habitantes. Como legado, a instituição impulsiona a reflexão crítica sobre nossas práticas opressoras e a necessidade e meios de superação. Evidentemente, considerando seu perfil institucional, com repercussões locais e internacionais.
Se a máxima de Beauvoir diz que “não se nasce mulher, torna-se mulher”, as experiências compartilhadas socialmente pelas estudantes em situação de violência traduzem opressões, ameaças e medo, sendo agravadas por fatores interseccionais de desigualdades de raça/etnia e classe social. Trata-se de uma violação grave dos direitos humanos que requer mudanças culturais, educativas e sociais. A região, conhecida pelo pioneirismo em libertar os escravizados, precisa reagir e libertar também as mulheres.
Violeta Holanda
violeta@unilab.edu.brProfessora do Instituto de Humanidade e Letras da Unilab