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Aplicativo social para melhorar eficiência do Estado
Economia

Aplicativo social para melhorar eficiência do Estado

Para o presidente do Instituto Locomotiva, as novas tecnologias podem ser utilizadas como meios de fiscalização e melhorar a prestação de serviços públicos
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O desenvolvimento de aplicativos podem transformar a forma como a população se relaciona com o Poder Público. Mais que isso: servir como fiscalizadores e socialmente responsáveis para melhorar a eficiência do Estado, sem abrir mão da interação com o cidadão. Assim é o conceito do “aplicativo social”, projeto criado por Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva. Ele concedeu entrevista ao O POVO após palestra realizada nessa terça-feira (28) na consultoria Controller.


O POVO – Em que medida os aplicativos impactam positivamente o setor público?

Renato Meirelles – As novas tecnologias avançaram e as oportunidades existem para o desenvolvimento de um aplicativo social que consiga de fato mudar o jeito das pessoas interagirem com o serviço público. Não tem a ver com ter a tecnologia para um estado mais informatizado. Tem a ver com dar mais poder ao cidadão, poder de fiscalizar, poder de saber se aquilo que foi prometido está sendo cumprido. Há chance não só de falar, mas também de ser ouvido.
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OP – O senhor está desenvolvendo um aplicativo social junto com outras empresas. Como é possível monetizar essa plataforma?

Renato – A ideia é que o aplicativo venha de uma ação conjunta do poder público com a iniciativa privada, ou seja, o poder público tem que se mostrar aberto a receber essas ações e a iniciativa privada, que ganha como todo mundo com um estado mais eficiente, financiaria com a criação, desenvolvimento e manutenção.

OP – Vocês já têm uma lista de municípios ou de estados que vocês vão iniciar, vão começar pelo Sudeste?

Renato – Nós estamos numa fase final de testes do aplicativo, a parte mais tecnológica. A partir daí, vamos fazer roadshows em cidades do Brasil inteiro para ver a adesão, seja na iniciativa privada, seja do poder público.

OP – Os contribuintes externam nas redes sociais a insatisfação contra os serviços públicos. Como o estado tem observado esse processo?

Renato- Eu acho que o poder público ainda enxerga as redes sociais como um grande serviço de atendimento ao consumidor a céu aberto. Chegam muito mais com medo das críticas do que como oportunidades. A hora que a gente mostrar para os governantes que a tecnologia é uma aliada, não é uma concorrente, tenho certeza que teremos um Estado muito mais eficiente, oferecendo um serviço muito melhor para a população.

OP – Há certa resistência por parte dos governos aos aplicativos sociais?

Renato – O que a gente vê é que existe um medo na primeira impressão, mas também as oportunidades e as economias de custo que as novas tecnologias podem trazer. Imagine a chance de saber que aquilo que foi licitado está chegando à escola para o estudante, uma merenda que foi licitada tá chegando de fato para o aluno, os médicos que deveriam estar no posto de saúde, de fato estão, e saber o grau de satisfação da população com os serviços que estão sendo prestados. Hoje você sabe que se for na fila de um banco, passar três horas esperando por atendido, você vai no Procon e lá terá alguém para te defender. Quando você vai para a fila do SUS, você liga para quem? Esses aplicativos podem fazer com que o governante tenha um termômetro muito próximo à realidade do cidadão.

OP – O senhor acredita que falta muito para avançarmos nas novas tecnologias, especialmente nos aplicativos?

Renato – A tecnologia é uma realidade, ele veio para ficar independente da vontade das pessoas. Ir contra as novas tecnologias é ir contra o caminho da civilização. Ou se empodera o cidadão, e as tecnologias são uma importante ferramenta para isso, ou só vamos ver aumentar um fosso que separa governantes de governados.

 

OP - Como o Nordeste pode se inserir nisso?

Renato - Em todos os lugares do mundo, as pessoas tendem a achar sempre que as novas tecnologias servem mais aos mais ricos. Os processos de bancarização, de diagnóstico de saúde, se deram nos países mais pobres com a tecnologia servindo de tudo às populações que tiveram menos oportunidades de se desenvolver socialmente do que aquelas que moram nas regiões mais ricas do Brasil e do mundo. Se tem uma região do Brasil que pode ser muito favorecida com os serviços da nova tecnologia em serviço da conexão entre Estado e cidadão é o Nordeste.

OP - Por que?

Renato – Porque foram as pessoas que tiveram menores oportunidades historicamente, e quando as tecnologias chegam para quem menos teve acesso, elas se agarram nessas novas oportunidades para transformar a realidade que vivem.

OP – Os jovens podem ser os grandes responsáveis por esse processo de mudança?

Renato – O que vemos hoje é que, quanto mais jovem, mais acesso existe às novas tecnologias. Isso faz com que o smartphone seja tão ou a mais importante ferramenta do foi um óculos para quem sofre de miopia, do que é uma caneta para um jornalista. O smartphone possibilita que a tecnologia esteja 24 por dias ao lado e à disposição das pessoas, estar onde as pessoas estão. E quando isso acontece, você consegue ter um papel muito maior na busca pela eficiência do Estado.

 

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