Eleições, promessas e exercícios 

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Eleições, promessas e exercícios

2018-10-08 01:30:00
 

A inda na efervescência das eleições, penso que qualquer candidato a cargo político deveria buscar uma aproximação entre as demandas reais da população e o que é efetivamente possível realizar em prol dos eleitores nos limites legais dos cargos pleiteados. Um dos problemas dessa forma de pensar é que, muitas vezes, os eleitores estão mais interessados em satisfazer desejos pessoais do que suas necessidades primárias, provavelmente porque não são capazes de avaliar riscos futuros. Se você quer saber o que esse assunto tem a ver com exercícios, continue a leitura.

 

Aumentar o tamanho dos bíceps, "chapar" a barriga, afinar a cintura são alguns dos pedidos frequentes aos profissionais de Educação Física que trabalham nas academias e creio que são desejos absolutamente legítimos. Porém, após uma avaliação física inicial, podem surgir demandas que até o momento não pareciam importantes para o avaliado, mas que vão implicar em uma série de ajustes no treinamento e certo redirecionamento de prioridades. Diagnósticos ou sinais e sintomas de doenças crônicas que o exercício poderia prevenir ou auxiliar no controle, encurtamentos musculares que comprometem a postura e os movimentos, déficits de força e estabilidade que sobrecarregam músculos e articulações durante a execução até de uma simples caminhada, enfim podem surgir "novidades" que terão de ser consideradas na prescrição dos exercícios, sob o risco do praticante não atingir seus objetivos e ainda prejudicar sua saúde.

 

Nesse contexto, o papel do "candidato eleito" (profissional do exercício) é explicar seu "plano de governo": quais exercícios e métodos serão utilizados, estabelecer prazos e metas viáveis de acordo com a disponibilidade do praticante e como será a supervisão do treino. Já o "eleitor" (cliente) tem o direito de cobrar do seu "candidato", um atendimento compatível com o serviço prometido, avaliações periódicas para saber se o treino tem tornado seus objetivos mais próximos e se esse não for o caso, propor as mudanças necessárias para retomar o rumo correto. Tudo isso em uma relação baseada no profissionalismo, confiança e respeito dos envolvidos.

 

Infelizmente, como em todas as eleições, aparecem "candidatos" mal preparados, sem formação adequada e que na abordagem inicial fazem promessas de campanha espetaculosas que iludem o "eleitor" desinformado. Normalmente, o final dessa relação é lamentável: metas não atingidas, frustração e, em alguns casos, retorno para o sedentarismo. A verdade é que tal qual na relação entre políticos e seus eleitores, se houvesse sinceridade, comprometimento, foco e trabalho duro tanto dos profissionais do exercício quanto de seus clientes, os resultados viriam, o que aumentaria muito a chance dos exercícios serem incorporados de vez aos hábitos do indivíduo.

 

É preciso que os profissionais de Educação Física realmente sintam-se incomodados quando algum de seus clientes desiste de treinar ou não apresenta os resultados esperados. Geralmente quando isso ocorre há uma tendência em culpar o cliente afirmando que ele faltou alguns treinos, não está se alimentando direito ou não se empenha como deveria.

 

Justificar com esses argumentos é fácil e parece convincente, mas eu tenho outra proposta para os colegas: que tal não focar na culpa e sim em novas soluções? Pode até ser que você tenha prescrito e supervisionado os exercícios adequadamente, mas mostrar distanciamento do problema impede a busca por soluções alternativas, aumenta a culpa e isola ainda mais quem confiou no trabalho.

 

Bons treinos!

 

Rossman Cavalcante

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