Estabilizar para movimentar melhor
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Estabilizar para movimentar melhor

2018-08-06 01:30:00
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Os benefícios do treinamento de força para a saúde das articulações são bem descritos e razoavelmente elucidados nas inúmeras pesquisas publicadas sobre o tema. Levantar pesos com técnica e utilizando métodos adequados parece ser uma das melhores intervenções para proteger as articulações do estresse mecânico de alguns exercícios cíclicos como a corrida, do excesso de peso corporal e da degeneração decorrente do sedentarismo e do próprio processo de envelhecimento.

 

Porém, apesar desse consenso relativo, a falta de compreensão sobre os mecanismos que garantem a saúde das articulações acaba gerando decisões equivocadas em relação aos exercícios propostos que podem até produzir sintomas indesejáveis e movimentos ineficientes ou compensatórios.

 

Para qualquer pessoa mover-se bem é necessário que suas articulações tenham mobilidade e estabilidade. Mobilidade é a capacidade de realizar movimentos amplos, sem retrações e limitações. A estabilidade, segundo a definição clássica, reflete a capacidade da articulação de resistir à perturbação e depende de inúmeros fatores como o "encaixe" das superfícies ósseas, as propriedades mecânicas das estruturas envolvidas (tendões, ligamentos, cápsulas, etc), as forças compressivas geradas pelo peso corporal e, principalmente, a ação muscular (estabilidade articular dinâmica).

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Ainda não há uma explicação exata sobre como os músculos reagem às condições "perturbadoras" da estabilidade como, por exemplo, quando você está correndo e pisa em um buraco, mas é bem provável que mais de um mecanismo neuromuscular esteja envolvido. É comum a crença que basta desenvolver a força nos músculos que tudo vai ficar bem, mas não é tão simples assim. Na minha rotina de trabalho, frequentemente me deparo com indivíduos que possuem músculos hipertrofiados, bons níveis de força, mas apresentam sinais claros de instabilidade articular ao realizar movimentos simples. Isso acontece porque força é apenas um dos pilares da estabilidade.

 

Mais do que resistir à perturbação, a ideia é conseguir que músculos específicos "disparem", com a quantidade de força suficiente na posição desejada e no momento correto. Treinos com pretensão de desenvolver estabilidade articular devem promover estímulos tão diversificados quanto são as situações geradoras de instabilidade. 

 

Por meio de exercícios, nossas articulações devem estar preparadas para suportar grandes cargas, cargas menores por mais tempo, mudanças bruscas de posição, impactos, saltos, enfim, situações previsíveis e imprevisíveis que acontecem na vida e no esporte.

 

Antes de iniciar um programa de exercícios, o ideal seria investigar se existem padrões alterados de movimento, especialmente entre os indivíduos que apresentam histórico de dores articulares ou já tenham diagnosticada uma lesão articular crônica. A ação estabilizadora de alguns músculos pode estar neutralizada ou inibida. Isso significa que um músculo que deveria se contrair para manter as "peças" no local certo durante o movimento pode não cumprir sua tarefa adequadamente por motivos que incluem: dor, desuso ou mau uso. Nesse caso, uma avaliação prévia ou um olhar mais crítico durante a sessão de treino possibilitaria ao profissional de Educação Física identificar o problema, avaliar a situação e decidir sobre que solução adotar.

 

Bons treinos!

 

Rossman Cavalcante

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