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A perigosa operação de Eunício Oliveira

2017-10-13 01:30:00
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Presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB) se arrisca ao ensaiar aproximação com o governador Camilo Santana (PT). O grupo Ferreira Gomes tem quase nada a perder. Se o acordo der certo, neutralizam um adversário. Se der errado, seguem oponentes. Os riscos envolvidos estão com Eunício.


Perdas e ganhos

Caso haja entendimento com as forças governistas locais, Eunício praticamente assegura uma reeleição que, de outro modo, pode se mostrar incerta. Porém, o diálogo é travado com grupo que não gosta dele, tampouco confia. Enquanto isso, ele provoca desconfianças no bloco oposicionista. Resultado: ele é visto com enormes reservas com o lado do qual se aproxima e desperta sentimento igual do outro lado, na aliança que liderou há três anos.

O peemedebista joga com os dois lados. Não é o tipo de operação que normalmente termina bem.


O principal efeito

A abertura de conversas entre Eunício e o grupo Ferreira Gomes foi o primeiro grande movimento de 2018. Pode não dar em nada. Talvez não venham a estar juntos. Mas, colocaram a eleição estadual do ano que vem na pauta. Tasso fez o segundo movimento.

Até agora, o principal efeito da retomada de relações entre os Ferreira Gomes e Eunício tenha sido o empurrão para Tasso talvez concorrer. Ainda acho mais fácil o tucano não disputar do que aceitar concorrer. Porém, a hipótese de candidatura passou a existir. Antes, nem isso.


Até então, PSDB e PMDB trabalhavam na montagem de um único palanque estadual, a partir da aliança nacional. O movimento de Eunício semeou a incerteza.

[FOTO1] 

Pressão

Vale lembrar que Eunício já disse abrir mão de ser candidato a governador para apoiar Tasso. Mais recentemente, as sinalizações são de que ele concorreria ao Senado pela oposição se o tucano for para o governo.

Ao condicionar seu destino à decisão de Tasso, Eunício joga a responsabilidade para o senador do PSDB sobre o rumo da aliança. Com essa posição, dará o recado de que, caso decida abandonar a oposição e se compor com o governo, não terá sido por vontade própria, mas porque Tasso não aceitou concorrer.


É um fator extra para tentar pressionar o tucano. Não sei: 1) se Tasso cai nessa; 2) nem se o resto da oposição vai engolir.


O saldo até agora é que Eunício iniciou conversa que, se for à frente, pode viabilizar uma reeleição mais tranquila do que se vislumbrava. Porém, é visto como alguém menos confiável pelos aliados de hoje.

 

A construção da aliança

Um mês atrás, quando Cid Gomes admitiu que o acordo pode vingar, afirmou que seria necessária uma construção. “Não vou dizer que sim nem que não, mas se tiver que acontecer, eu acho que essa coisa tem que ser conversada e tem que ser construída”.

Ele entende que não se pode simplesmente esquecer os três anos e meio de confronto entre os grupos, como se nada tivesse acontecido. “Como é que um dia desses aí a gente estava falando uma coisa e no dia seguinte a gente muda completamente de opinião? Eu acho que não pode ser assim”.


Essa construção já começou, na medida em que Camilo e Eunício passam a articular juntos a busca de recursos para o Estado.


Obstáculos

Aliados do grupo Ferreira Gomes afirmam que Ciro Gomes (PDT) está muito quieto, evita confronto, mas não aceita a ideia de aliança com Eunício.

Faz sentido: sua candidatura presidencial terá o discurso enormemente prejudicado.

 

Érico Firmo

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