Logo O POVO+
Livros
Foto de Pedro Salgueiro
clique para exibir bio do colunista

Escreveu livros de literatura fantástica e de contos, como

Livros

vida_e_arte
Não lembro com que idade ganhei de presente meu primeiro livro, mas recordo como se fosse hoje a emoção que senti quando recebi, naquele bendito dia, dos meus pais, o pequeno exemplar dos três fradinhos, que ainda veio acompanhado da revista preto-e-branco do marinheiro Popeye. Mas bem antes de os ganhar de presente, já via meu pai agarrado com algum gasto volume que ele guardava cheio de notas de encomenda de calçados em sua pequena sapataria; lia e relia, às vezes tomava emprestado outros do tabelião Fernando Farias, que era um dos pouco homens cultos de nossa pequena cidade; também gostava bastante das revistas Seleções, cheia de histórias que ele tentava reproduzir em palavras simples para alguns amigos... Até os jornais que vinham embrulhados com as mercadorias trazidas da Capital pelos amigos ele desamassava pra ler, e degustava aquelas notícias passadas como se fossem recentes, com avidez e alegria (anos depois que morreu eu encontrei entre seus papeis uma primeira edição do No país dos Mourões, do grande Gerardo Melo Mourão, exemplar que hoje faz parte de minha estante com o devido autógrafo do poeta nascido no Ipu). Também desde cedo via meu avô materno, o velho bodegueiro Chico Inácio, devorar livrinhos de caubói com uma rapidez impressionante, largava um e já emendava noutro, não se esquecendo de escrever com sua letra bonita no cantinho superior da capa o seu tradicional "já li"; mas, como em Tamboril não havia livrarias nem bancas de revistas, ele se virava para trocar os livretes com outros "viciados" ou até com os motoristas de caminhão que abasteciam o comércio local; e com o passar dos anos fui timidamente pedindo alguns emprestados e me inserindo nesta misteriosa confraria dos aficionados por livrinhos de cowboy, hábito que persiste até hoje. Uma filha deste meu velho vô Chico também vivia agarrada com algum livro, era (é!, pois continua vivinha e lúcida), minha tia Maria; e sua imagem sentada no terreiro de casa com seu livro aberto com certeza marcou minha infância.

 

Podia defender, simploriamente, que o meu hábito de ler se deve a alguma carga genética transmitida de geração para geração, pois dos dois lados da família tenho inúmeros exemplos de antepassados e contemporâneos que viviam (e vivem) "dependurados" em livros, mas sinceramente acho que esse saudável vício tem se transmitido muito mais (e essencialmente) pelo exemplo de estar vendo pessoas queridas e próximas lendo; portanto, muito mais do que tentar convencer seus filhos e amigos de que é importante eles lerem, é fundamental o exemplo: mantenha uma boa biblioteca em casa, incentive seus filhos a também irem formando a sua (leia pra eles antes mesmo que aprendam a ler), dê sempre presentes de livros (neste Natal substitua as roupas e mimos por obras de literatura), organize em sua comunidade (pequeno condomínio que seja) estantes comuns, lá todos terão um livro pra compartilhar: faça como meu amigo Sérgio Lopes, que com um acervo de doações, criou uma linda biblioteca na singela comunidade de Suzana, num sovaco da Serra de Guaramiranga, onde ele tem um agradável sítio; ou como minha irmã Geny Lucia, que fez uma estante de revistas em quadrinhos e livros infantis pros meninos de sua rua no Bairro da Brisa, lá no Fortim.

Foto do Pedro Salgueiro

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?