Hora da decisão
EVERTON PERMANECE NO PICI
Leio que o Everton vai continuar no Fortaleza É uma boa! Nessa reta final é preciso que todos se ajuntem e, como diz o ditado, a união só se faz à força. Foi necessário que uma turma de “torcedores” fosse peitá-lo e cobrar resultados na porta da sua casa.
Everton é muito bom jogador. Aliás, deve ser o de melhor currículo na Série C, com passagens excelentes por Cruzeiro, Fluminense, Joinville e no próprio Fortaleza.
Em campo não tem correspondido com o que se esperava. Ninguém sabe se devido a instabilidade emocional da equipe ou por ceder aos encantos noturnos da aprazível Maranguape, vizinha íntima da Loura Desposada pelo Sol que deu o nome ao clube que joga.
Vivi algo parecido. O Fortaleza ia disputar o título estadual de 1973 e uma boa parte da torcida estava contra mim porque ia frequentemente nos bares da cidade e, embora bebesse pouco, gostava de sair noite à dentro.
A pressão era tanta que tinha resolvido voltar para o Rio de Janeiro depois da partida final. Com o PV lotado — tinha gente pendurada nos postes dos refletores — entrei em campo com um único pensamento: encaro isso agora e depois vou embora.
E fiquei ali, aquecendo, passando a bola para um e para outro quando Moésio Loiola, na época repórter de pista da Rádio Assunção e atual prefeito de Campos Sales, me puxou por um braço e apontou para um lugar no alto onde li a faixa: Serginho, responda com seu futebol-arte.
Era o que precisava. A adrenalina subiu e vencer virou questão de honra. Fui o melhor em campo e conquistamos o título. Anos depois, tomando umas, “cervejinhas”, no Estoril, o Rômulo, torcedor do Fortaleza, se identificou. “Fizemos a faixa porque o Fortaleza e você precisavam”.
Neste momento, Everton e Fortaleza precisam um do outro. O jogador tem que responder nesses jogos decisivos com boas atuações. Vai fazer bem à sua alma e essa é sua profissão. Como diz o poeta: Homem não chora por fim de glória. Dá seu recado enquanto durar sua história.
Sérgio Redes