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Checagem: era urgente e é importante
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Checagem: era urgente e é importante

 

O POVO participou, desde o início do mês de agosto, do Projeto Comprova, que visava ao combate das informações falsas durante todo o período eleitoral. O jornal era um dos 24 veículos no País que faziam parte de um grupo participante do projeto.

 

Durante semanas, os veículos, que recebiam denúncias e sugestões de leitores, faziam checagens e verificavam as informações que chegavam por meio de um número de WhatsApp. No O POVO, não houve um espaço, nem no portal nem nas redes sociais, que reunisse as matérias verificadas, por mais que todas fossem sinalizadas com o nome do projeto - havia o nome "Projeto Comprova" no topo das matérias, acima do título, no espaço que, no jargão jornalístico, é chamado (dentre outros nomes) de cartola. Não havia um local em que todas essas matérias estivessem agrupadas de modo a facilitar que o leitor as encontrasse. Teria de sair buscando pelo portal.

 

Concluído o projeto, o Comprova encerrou os trabalhos de verificações de "conteúdos duvidosos" capazes de provocar algum prejuízo às campanhas eleitorais. De acordo com o Projeto Comprova, foram publicadas 146 histórias "para desmentir ou confirmar informações que viralizaram". Dessas, 92% eram falsas, enganosas ou descontextualizadas. E nove eram verdadeiras.

Outros veículos fizeram iniciativas semelhantes, de verificação, como enfrentamento à desinformação durante o período eleitoral, o que é louvável para a qualidade do que publicamos. É compreensível que tais ações sejam aquecidas nesse momento em que um maior número de boatos se multiplica como forma de prejudicar candidatos e partidos. No entanto, é mais interessante ainda que essas atitudes se estendam após essas iniciativas pontuais.

 

Credibilidade

 

No O POVO, podemos encontrar as matérias verificadas durante o período de vigência do Comprova na página Checagem O POVO: www.opovo.com.br/noticias/checagemopovo/ . Lá, as notícias têm sido publicadas à medida que são verificadas mesmo após a conclusão do período eleitoral. A divulgação da iniciativa, no entanto, ainda é tímida. Ainda precisa de mais interação com o leitor, de mais pedidos de sugestão. Em suma, o leitor necessita saber que o serviço existe para dispor dele - indicar informações para verificação a cada suspeita que se levante. Toda a capacitação que tivemos e toda a experiência que O POVO carrega precisam estar a serviço em mais uma mostra de credibilidade em tempos de disseminação tão veloz das mentiras.

 

O tempo das notícias falsas não acabou. Nem se sabe ao certo quando ele começou, pois. Não se pode dar margem para o arrefecimento de estratégias quando se tem à mão uma chancela forte do crivo do "deu no jornal". Como marca de nossa responsabilidade com o leitor e busca constante pela verdade, é dever do jornalismo insistir no aprimoramento da qualidade da informação.

 

Redes sociais

 

E o que você, leitor, faz quando depara com uma notícia que pode ser falsa? Foi o que perguntou o Ibope, em pesquisa realizada em outubro, mas cujos resultados foram divulgados há poucos dias. Dos 2.000 entrevistados, 58% disseram verificar a fonte; 45% afirmaram ler a notícia na íntegra; 42% afirmaram buscar outras fontes para validar o fato; 30% citaram que checavam a data de publicação e 18% pesquisam acerca da fonte de informação. A pesquisa possibilitava respostas múltiplas.

 

São dados que até animam qualquer um que trata da notícia com qualidade - se não estivéssemos lidando com uma amostra muito pequena diante do universo do nosso público. É válido ressaltar um significado básico da notícia, já dito aqui, com que lidamos dia a dia: a notícia traz em si o significado de verdadeiro. Assim, usar "notícia falsa" é um tanto quanto paradoxal. Afinal, se é notícia, não é falsa. Se é falsa, não pode ser notícia. Por isso, há o debate sempre fecundo acerca das expressões notícias falsas e notícias fraudulentas.

Ainda da pesquisa Ibope Inteligência, extrai-se o dado de que 66% dos brasileiros afirmam que os portais de notícias são fontes mais confiáveis de informação. Em comparação, apenas 5% afirmam confiar em informações do Facebook. E 4% disseram acreditar em conteúdo que receberam via WhatsApp. Redes sociais têm uma importância significativa na vida de muita gente. Mas, como fonte de informação, é um campo arriscado. Exige cuidado e prudência. Não parece das mais confiáveis. As mudanças de comportamento - dos veículos de notícia e dos usuários - mostram isso.

 

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