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Um olhar sobre a manchete
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Um olhar sobre a manchete

 

Tânia Alves

 

Na quarta-feira passada (18/10), a decisão do Senado em restituir o mandato do senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi assunto que dominou parte das manchetes dos jornais impressos do Brasil. A definição havia sido tomada no dia anterior. No O POVO, não foi diferente. O jornal apresentou o assunto com a seguinte frase: “Senado contraria STF e livra Aécio” (ver fac-símile). A forma como o jornal expôs o tema na primeira página foi motivo de críticas de um leitor. “Não é verdade que o Senado ‘contrariou’ o STF (Supremo Tribunal Federal) . O Senado apenas usou prerrogativa dele de decidir. O STF decidiu que o afastamento de parlamentar competiria ao Congresso. Seria contrariar se o STF tivesse decidido o contrário (que o afastamento de parlamentar não precisava ter o aval do Congresso)”. Ele lembrou ainda ser necessário colocar as coisas no seu devido lugar. “Do ponto de vista institucional, foi uma decisão absolutamente certa. Parece que O POVO está incitando o conflito. Os termos da manchete não existem”, disse.


É verdade que a decisão foi institucionalmente certa. Cabe ao Congresso apreciar afastamento de parlamentares, decidiu o STF. A partir do que disse o leitor, verifiquei no dicionário Novo Aurélio o significado de contrariar. Existem oito possibilidades para o verbo, que reproduzo aqui: 1.Fazer oposição a; ir contra; 2.Dizer, fazer ou querer o contrário de; contestar; 3. Causar descontentamento a, aborrecer, descontentar, desgostar; 4.Estorvar, embaraçar, atrapalhar; 5.Estar em contradição com; não condizer com; 6.Estar ou agir em contradição consigo mesmo; contradizer-se; 7.Fazer-se oposição recíproca; 8.Aborrecer-se, desgostar-se.


A partir dos significados, é possível entender a manchete, como ‘de querer o contrário de’, ‘contestar’, ‘aborrecer’, ‘desgostar’, ‘causar descontentamento’, que pode sugerir conflito. O Jornal do Commercio, de Pernambuco, por exemplo, naquele dia, foi em direção parecida ao estampar na manchete: “Senado desafia STF e Aécio retoma mandato”. Outros periódicos usaram verbos diferentes para chamar atenção para o assunto. O Diário do Nordeste destacou na manchete: “Senado derruba decisão e Aécio retoma mandato”. O Zero Hora, do Rio Grande do Sul, deu manchete com frase parecida: “Senado derruba decisão do STF e devolve mandato a Aécio”. O Estadão, de São Paulo, apresentou o tema assim: “Senado revê decisão do STF e Aécio recupera mandato”. E a Folha de S. Paulo escreveu: “Senado anula decisão do STF e reverte afastamento de Aécio”. O Globo, do Rio de Janeiro, viu a notícia por outro ângulo:

“Com ajuda de Temer, Aécio reassume mandato no Senado”.


De qualquer modo, vale lembrar que escrever títulos com precisão é uma arte. Na dúvida, é procurar seguir a recomendação do Guia de Redação e Estilo do O POVO para um bom texto, conselho que é extensivo aos títulos: “A seleção de palavras deve obedecer à regra básica da simplicidade: entre vários sinônimos, deve-se preferir aquele que é mais comum, conhecido por um grande número de pessoas, desde que expresse com precisão o que esse quer dizer.”


‘BARRIGADA’ E AÇÃO RÁPIDA

No jargão jornalístico, ‘barriga’ significa texto com informações falsas ou erradas. Geralmente, elas dão muita repercussão. Na última quarta-feira, o experiente jornalista de Esportes Alan Neto cometeu uma ‘barrigada’ em sua coluna, que é publicada de segunda a sábado. Logo pela manhã, recebi um vídeo com a seguinte mensagem pelo WhatsApp: ”Alan diz que gol foi impedimento e que Ceará merecia perder. Fui ao jogo. Ceará jogou bem e não foi impedimento”. Em seguida, outro leitor enviou email que também apontava o erro. Ele anexou vídeo com o lance do gol alvinegro, que no dia anterior havia derrotado o Paraná por 1 x 0, em jogo realizado no Castelão, pelo Campeonato Brasileiro de Futebol, Série B. “Alan Neto afirma, de forma categórica, que o lance abaixo (gol do Ceará sobre o Paraná, ontem) estava impedido? Alan desistiu de entender as regras do esporte que deu tudo que ele tem hoje? Ou simplesmente quer prejudicar o Ceará?”

 

De fato, o gol foi legal, como informaram os leitores. Uma atitude importante, porém, pode servir de exemplo para ser seguido em casos do mesmo tipo para que se evite crise maior. Ainda na manhã de quarta-feira, o editor-chefe do Núcleo de Esporte, Fernando Graziani, informou que já havia tomado algumas providências. Publicou uma matéria no portal de Esportes do O POVO (opovo.com.br/esportes/) informando que a nota estava errada (“Erramos : Gol de Leandro Carvalho contra o Paraná não estava impedido”) . Na reprodução da coluna do Alan Neto, no O POVO Online, uma nota de “Erramos” foi anexada no final do texto. No dia seguinte, o colunista deu espaço semelhante à nota anterior para esclarecer o erro e pedir desculpas aos leitores. As iniciativas prontamente tomadas, pelo menos, minimizaram os danos.


PARA ACIONAR A OMBUDSMAN

Os leitores das diversas plataformas do O POVO podem entrar em contato com a ouvidoria pelo WhatsApp (85) 988 93 98 07; por email (ombudsman@opovo.com.br) e telefone fixo (3255 6181). O leitor pode ainda visitar a ombudsman se necessário. Basta ligar e agendar.

 

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