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Tão perto e tão longe
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Tão perto e tão longe

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Com a globalização proporcionada pela internet, as notícias se espalham rapidamente. A informação de um atentado como o que ocorreu recentemente em Barcelona, na Espanha, por exemplo, em segundos chega ao conhecimento de quase todo o mundo e vira manchete em muitos veículos de comunicação. No O POVO, foi o principal assunto do dia 18 de agosto passado (ver fac-símile). A foto do corpo do menino sírio Aylon Kurdi, 3 anos, nas areias do balneário Boldron, na Turquia, em setembro de 2015, correu o mundo de forma instantânea e comoveu milhares de pessoas em muitos continentes. No O POVO, a morte do garoto ganhou destaque na capa do dia 4 de setembro de 2015 com direito a cobertura especial, feita por repórteres da casa, na editoria Mundo.
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Porém as tragédias no Brasil, nos últimos dias, parecem que não estão inseridas nesta globalização. Pelo menos, não na capa do O POVO. Na noite de terça-feira passada (22/8), um barco com 49 pessoas a bordo afundou no rio Xingu, no Pará, matando 21 pessoas (balanço até a última sexta-feira). A tragédia paraense sequer contou com uma chamada na capa do jornal na edição de quinta-feira passada, quando a notícia foi divulgada. Dois dias depois, mais uma tragédia em águas brasileiras. Uma lancha com 124 pessoas a bordo naufragou próximo à Ilha de Itaparica, na Bahia, matando 18 pessoas. Entre elas, o pequeno Davi Gabriel Monteiro, 6 meses, que foi fotografado sendo reanimado por um socorrista do Samu e levado às pressas para uma ambulância. A imagem do menino de camisa amarela e calça azul causou comoção e foi parar, na edição de sexta-feira passada, nas capas de jornais como O Globo (RJ), Folha de S. Paulo e Estadão (SP), Estado de Minas, A Tarde (BA) e O Estado (CE). O assunto chegou a ser manchete em alguns deles.

 

Neste mesmo dia, no O POVO, os dois naufrágios ganharam cobertura extensa, de página inteira, a partir de conteúdo de agência, na editoria Brasil. Na capa, porém, o assunto foi parar em uma chamadinha com pouco destaque no lado esquerdo da primeira página (ver fac-símile). As tragédias aconteceram em dois estados próximos ao Ceará. Foram bem perto da gente, uma delas na mesma região, mas pareciam que estavam distantes. O atentado de Barcelona e a morte do menino sírio Aylon Kurdi, em 2015, ganharam relevância na primeira página como deveria ser. Os naufrágios do Pará e da Bahia não mereceram evidência. Foi um erro de avaliação.
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ARIE DO COCÓ: TEMA NO OSTRACISMO
Recebi na quarta-feira passada (23/8) dois e-mails de leitores criticando O POVO pela falta de cobertura mais robusta sobre a revogação da Lei de criação da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) das Dunas do Cocó. A revogação ocorreu no bojo das mudanças da Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) aprovada pela Câmara, no dia 10 de agosto e sancionada pelo prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), no dia seguinte. O primeiro e-mail destacou: “Como é do seu conhecimento, estamos perdendo uma relíquia ecológica, as dunas do Cocó, e lamentavelmente o Jornal O POVO não está levando a público essa discussão na profundidade que ela merece”. Ela arrematou: “Esperamos que este jornal, que sempre esteve atento e participante das lutas pela vida da nossa Cidade, abra um espaço de discussão mais forte e transparente, permitindo a participação das universidades, associações de classe e movimentos populares”. Na noite do mesmo dia, a leitora deixou outro recado na caixa de e-mail: “Hoje (23/8) tivemos uma excelente reunião do Fórum das Dunas do Cocó com o procurador (da República) Alessander Sales. Valia uma cobertura!”
 


Outro leitor também cobrou cobertura mais eficiente sobre a extinção da Arie do Cocó. “Senti muita falta de uma abordagem jornalística mais aprofundada, abrindo espaço para o choque de ideias tão necessário a um assunto tão importante e vital para a cidade. Faltou vontade de fazer o que é tão necessário à boa informação de seus eleitores. Ficam no ar muitas perguntas acerca dos interesses que estão em jogo e a quem interessa a inevitável ocupação das dunas. Mas O POVO preferiu se ater ao aspecto factual dos acontecimento e ponto final. Talvez seja mais cômodo ou não interesse ferir susceptibilidades e deixar para lá... A abordagem foi pobre, simplória”.

 

As queixas dos leitores têm sua razão de ser. O POVO está abdicando de promover um debate mais consistente sobre a extinção da Arie do Cocó. A cobertura do impresso sobre o assunto foi jogada para segundo plano. Já falei sobre este assunto na coluna do dia 13 de agosto passado (“Quando o essencial fica invisível”). O POVO, que sempre teve papel decisivo em trazer o cotidiano da Cidade para as suas páginas, está abrindo mão do seu papel de bem informar e do respeito ao debate de ideias. Pior: nem o factual, como a reunião do Fórum das Dunas do Cocó, foi capaz de tirar o tema do ostracismo. Um movimento em torno das Dunas do Cocó está se formando em Fortaleza e O POVO precisa olhar para ele.
 


PARA ACIONAR A OMBUDSMAN
Os leitores das diversas plataformas do O POVO podem entrar em contato com a ouvidoria pelo WhatsApp (85) 988 93 98 07; por e-mail (ombudsman@opovo.com.br) e telefone fixo (3255 6181). O leitor pode ainda visitar a ombudsman se necessário. Basta ligar e agendar. 

 

Por Tânia Alves

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