O Povo é quem sabe
PUBLICIDADE

VERSÃO IMPRESSA

O Povo é quem sabe

2018-10-07 00:00:00

Em algumas horas ou em alguns dias, o Brasil terá um novo presidente eleito. Seja qual for o nome, já sabemos que a escolha será marcada pelo espírito de oposição. E salve! Bom seria que esta divisão, guardados os limites da civilidade, persistisse. Um a vencer e outro a permanecer de modo natural no outro lado. Uma bancada a defender a situação e outra a questionar. A democracia é feita disto. É neste campo onde as jogadas devem acontecer. E há uma beleza neste jogo.

 

Mas o cenário de devastação da classe política hoje se deve em larga medida à absoluta indiferença por estas regras. As pessoas não levam a sério porque a prática política não se leva. Nos estados e municípios, onde o mercado é mais baratinho, a mecânica é a mesma de Brasília. As maiorias construídas por cargos, verbas e cargos que levam às verbas conduzem também à velhice. Assim como os sonhos, os governantes também envelhecem. Mesmo jovens. E tome a insistência pelo Moderno, traduzida no dress code, nos jingles e na fala. Ainda assim antiquados.

 

Perdeu-se o respeito. Ele foi embora junto com o pudor no Poder. E quando não há nem sequer respeito, não há relação. Acontece na vida, acontece nos filmes, acontece não só nos parlamentos. Está nos três poderes. O descompromisso sentido pelas pessoas quanto às bancadas, gestores públicos e também na Justiça pode ser definida como desalento. A absoluta falta de ímpeto para as construções. Eles venceram. Sabotaram tanto que a política não é vista como coisa de gente séria. Logo a política, a única saída possível para tudo o que se sonha de País.

 

O favoritismo nas eleições deste domingo de um deputado do baixo clero, marcado por um repertório raso, naturalmente, é fruto não dele próprio apenas, mas deste ecossistema arrasado. Movidos por aquele desalento, os eleitores de Bolsonaro são esta imagem. Híbridos, tanto podem ser o dono da empresa como o chão de fábrica. Em comum, a ansiedade por respostas. 

 

Aquelas que não têm visto e, lamento informar, nada indica que teriam no seu Governo.

 

Sem modéstia não há autocrítica. Mas é claro que os longos anos do PT no Planalto também explicam o capitão. Neste habitat não há vestais, mas quando a principal bandeira de um partido é a razão de seu soçobro o dano é muito maior. O PT cresceu ancorado no discurso da ética. Contou com os motores da imprensa e do Ministério Público, dois setores alvos de sua fúria hoje após a descoberta de tanta desonestidade. Investiu nos programas compensatórios, mas levou a economia a uma de suas piores crises, maltratando, sobretudo, justo os mais pobres.

 

A massa de militantes da dita esquerda contra Bolsonaro vem exibindo olhos arregalados. Sentem que tudo o que foi feito até agora parece não surtir efeito. Como uma bactéria resistente aos antibióticos, o capitão cresce. Ao tempo em que avança, vê-se tomar conta de seus opositores uma reação emocional e marcada pela arrogância. É difícil para eles aceitar que o povo pense diferente daquilo que julgam o melhor... para o povo.

 

AINDA ESTÁ EM TEMPO

 

O novo presidente assumirá um Brasil em recuperação. Embora aquém do esperado, mas uma recuperação. Crescimento estimado de mais de 2% em 2019, inflação em 4% e juros em 6,5%. A Petrobras, por exemplo, voltou a ser a companhia mais valiosa do País, apesar do que lhe fizeram. Quem assumir o Planalto terá a missão de tocar a reforma da previdência, seja qual for. Caso o seu candidato não reúna as condições para validar uma boa proposta no Congresso, com toda a complexidade que a tarefa exige, repense.

 

JOGO RÁPIDO

 

Na hipótese de Fernando Haddad (PT) vir a ser eleito, teremos um presidente da República que vai a uma carceragem semanalmente ter com um presidiário, condenado por corrupção?

 

JOGO RÁPIDO II

 

Na hipótese de Jair Bolsonaro vencer, veremos opositores desejando vida longa? Afinal de contas, quem não gosta dele sabe que um governo do general Mourão seria ainda mais complexo.

Jocélio leal

TAGS