Com dinheiro privado é mais garantido
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Com dinheiro privado é mais garantido

2018-08-26 00:00:00

 

 

Haveria um debate mais profícuo nestas eleições caso os candidatos fossem mais diretos naquilo que pretendem fazer para atrair mais investimentos privados para a economia. Isto vale tanto para a Presidência como para os pretendentes aos governos estaduais. Em nível federal sabemos que o mercado tem expectativa de uma lista de boas maneiras. No topo, reformas que deixem a economia fluir.

 

Já não cabe mais a pretensão da autossuficiência como motor dos investimentos, como ainda fica sugerido na média dos discursos. Vejamos os casos de Pernambuco e Ceará, dois dos estados mais importantes do Nordeste e rivais na disputa por novas receitas.

 

Pernambuco, após a temporada de exuberância na agenda econômica das Eras Lula e Eduardo Campos, vive mesmo hoje uma ressaca. O governador Paulo Câmara (PSB) é favorito, porque afinal tem a caneta, a máquina pública e a ação de Lula, de dentro da prisão, a matar no ventre a candidatura da neta de Miguel Arraes, a vereadora petista Marília Arraes. A manobra, já comentada à exaustão, pôs Câmara no colo do PT e matou a possibilidade de apoio do PSB a Ciro Gomes (PDT).

 

A ressaca pernambucana é simples. Em larga medida, o vigor do vizinho vinha do dinheiro público. Seja em forma de financiamento do BNDES, de refinaria da Petrobras (em operação desastrada e eivada de corrupção), de obras federais (o aeroporto do Recife foi feito no primeiro Lulado, com o então presidente da Infraero Carlos Wilson, já falecido), e de uma série de investimentos diretos da União.


Enquanto isso, após assistir ao frevo desta época sentado no meio fio, o Ceará experimenta agora uma agenda bem mais animada. No rol, Hub aéreo e portuário, uma siderúrgica, uma ainda possível refinaria estrangeira e investimentos hoteleiros.

 

Todos estes, de um modo ou de outro, dependem do contribuinte. Seja na concessão de incentivos fiscais, obras públicas ou pelo menos ambiente de negócios tranquilo (no Ceará nem tanto, dada a insegurança jurídica admitida até pelo secretário do Turismo, Arialdo Pinho).

 

De todo modo, no final das contas, no frigir dos ovos, ao passar a régua, e a despeito da outra insegurança, a pública, o Ceará enxerga horizonte melhor graças ao dinheiro privado.

 

O que há no novo

 

João Amoêdo, o candidato do Partido Novo, não tem chance de se eleger presidente da República. E ele sabe disso. Mas não foi para se eleger que ele se candidatou. O novo partido mira em uma oportunidade, o que não significa oportunismo. Bem comparando, mira naquele vácuo que o mercado enxerga e logo ocupa. Em linhas gerais nasceu da ausência do liberalismo econômico assumido entre os outros 34 partidos.

 

Alimentou-se da frouxidão do PSDB na defesa de bandeiras que, se não socialdemocratas na essência, caberiam no ninho tucano por tudo o que foi feito na Era FHC, não ficasse o ninho instalado sobre um muro. Quem esquece aquele colete de Geraldo Alckmin em 2006 coberto de adesivos de estatais? Queria jurar que não privatizaria. Perdeu.


A ida para o Novo de um dos pais do Plano Real, o economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, em setembro de 2017, após 28 anos no PSDB, traduziu isto.

 

Alegou cansaço com os rumos do partido e os "erros" de seus líderes. Voou para onde não há vergonha em se assumir liberal, defender as privatizações e um estado menor.


No cerne do discurso de Amoêdo-Novo, a defesa do gestor e não do militante. Falam em um novo jeito de fazer política. No índex de bons modos, também o corte de mordomias. É tudo o que aquele gente que trabalha e paga muito imposto para manter seus negócios operando, da grande à microempresa, e sem a devida contrapartida, quer ouvir. Atrai a garotada que não entende por que satanizam o mérito. Isto explica porque ter R$ 425 milhões de patrimônio é elogio. Só por assumirem as posições, cumprem um papel importante.

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