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A Argentina e o caminho da servidão

2018-05-13 00:00:00

 
A Argentina foi ao FMI. Quando ocorre tal necessidade é sinal de que as coisas não vão nada bem na economia. Mas, o que há com a Argentina, um país que manteve ao longo de muitos anos as melhores condições na América Latina de se diferenciar? Ora, não há país que resista a anos e anos do nacional-populismo. Basta ver o Brasil de hoje.

Como lembra o economista Lauro Chaves Neto, até os anos 1950, a Argentina era a sexta maior economia do mundo, escolarizada e com indústria forte. “As causas da decadência são muitas. O economista Friedrich Hayek chamava isso de caminho da servidão: um processo lento e gradual de coletivização, polarização da sociedade, intervencionismo estatal e populismo”.

Não por coincidência, dos anos de 1950 para cá, o País foi dominado pelo populismo. Primeiro de esquerda (Peron), depois de direita (militares) e a seguir uma longa sequência peronista que culminou com o casal Kirchner. A pá de cal. Hoje, Maurício Macri, político fora das hostes peronistas, faz imenso esforço, certamente com erros e acertos, para dar outro rumo ao País.

Do jeito que está, a tarefa de se reeleger nas próximas eleições, marcada para 2019, ficou muito difícil para Macri. Não duvidem se a velharia peronista retomar o poder. Só nos restará chorar pela Argentina.

A AUSTERIDADE COMO OBRIGAÇÃO


As crises na economia são cíclicas. É clássico. De tempos em tempos, a humanidade convive com ondas de desenvolvimento entrecortadas por ondas de marasmo econômico ou recessão. Porém, desde a recessão de 1929, os avanços no domínio das técnicas macroeconômicas tornaram as crises cada vez menos impactantes.

O que a técnica não consegue controlar é a irresponsabilidade de governantes que se entregam ao populismo, ao estatismo, ao descontrole dos gastos, à negligência fiscal e à ideologização da economia. São características que hoje ainda sobrevivem com mais ênfase na América Latina.

Na Europa, há problemas similares, mas em escala inferior. Por lá, esquerda e direita se intercalam no poder. A esquerda entra, aumenta os gastos públicos e desorganiza a economia. A popularidade advinda vira pó. Na eleição seguinte, a maioria recoloca a direita (ou os liberais, como queiram) no poder para reorganizar a economia.

No comando da economia, os liberais reinstauram a austeridade, corte de gastos e organização fiscal, que são sempre impopulares. O suficiente para a esquerda retomar o poder na eleição que se segue.

A Alemanha é a exceção.

Portugal é um caso peculiar. Com o País mergulhado na crise econômica após a farra socialista, a população chamou a direita para colocar ordem na casa. E isso foi feito. Não sem imenso desgaste.

Mesmo assim, a direita obteve a maioria dos votos populares, mas perdeu o comando do país por causa de uma inédita coalização parlamentar entre os socialistas e a esquerda.

Lá, o arrocho e as políticas de austeridade da direita criaram as condições para o crescimento da economia. Em função disso, a coalizão de esquerda vive uma fase de grande popularidade. O que há de peculiar é o seguinte: a esquerda portuguesa parece ter entendido que o fator de inteligência na condução da economia é a austeridade. Não se gasta mais do que se arrecada. Simples.

AS GRADES NA BARÃO DE STUDART


No Ceará, a tarde de sexta-feira trouxe boa notícia para Camilo Santana (PT). Após meses de índices crescentes, abril apresentou uma pequena queda de 2,6% na quantidade de homicídios em relação ao mesmo mês do ano passado. Mesmo com números absurdos, casos os índices se mantenham em queda nos meses seguintes, o governador terá o que comemorar justamente durante a campanha eleitoral.

Na última terça-feira, Camilo cometeu um erro primário. Deu de ombros para um protesto organizado por familiares e amigos de cidadãos assassinados em Fortaleza. Pior, fechou a via defronte ao Palácio da Abolição para uma passeata que reunia no máximo umas 200 pessoas.

Uma sugestão para esses casos: envia-se um negociador para conversar com o comando da manifestação, convida-se uma comissão representativa dos familiares e coloca-se um assessor graduado para receber o grupo. Fechar a Barão de Studart a quem sofre tamanha dor não é atitude inteligente. Muito menos civilizada.

Com a falta de um gesto, a única coisa que Camilo conseguiu com as grades na rua foi inflamar mentes e corações de milhares que se sentem reféns da violência. 

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