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Beto Studart vai deixar a Fiec. Política na nova meta

2017-10-01 00:00:00
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Um rebuliço tomou conta dos bastidores empresariais e políticos cearenses ao longo da sexta-feira passada. É que o presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Beto Studart, reuniu o seu grupo mais próximo de amigos, uns sete ou oito empresários, para anunciar sua decisão de deixar o comando da entidade. Os que participaram do petit comité não esconderam a surpresa com o inesperado anúncio.

O empresário relatou para seu grupo que as motivações para a saída são, digamos, de cunho pessoal. Alegou necessidade de viver a vida, passear e se livrar de preocupações comezinhas originárias do cotidiano sindico-patronal. Certamente, os amigos de Studart sabem bem que a Fiec jamais impediu Studart de cruzar o oceano com seu jatinho e curtir as delícias do velho mundo.

Pelo menos dois presentes ao anúncio creem que a decisão do empresário do ramo imobiliário se relaciona de forma direta com a política partidária. Mais apropriadamente com a eleição estadual de 2018 que vai decidir se Camilo sai ou continua por mais quatro anos. Afinal, a disputa política é o desejo nada secreto repetidamente manifestado pelo presidente da Fiec.

Bom, diante disso, o que se passou a especular? São três as possibilidades. Uma, menos provável, é a seguinte: Beto Studart vai trabalhar para encabeçar uma chapa na disputa pelo Governo do Ceará. Para isso, teria que articular a formação de uma aliança viável. Algo nada fácil.


Caminho também não muito provável: Beto vai buscar uma vaga de candidato a senador em uma das possíveis chapas majoritárias. Uma das possíveis? Pois é. Afinal, trata-se de um ainda filiado ao PSDB que conversa muito com o governador Camilo Santana (PT), um passageiro do jatinho. Ou seja, um lado ou outro da moeda pode ser
conveniente à pretensão.

A hipótese mais provável: Beto Studart já manteria adiantadas conversas com Camilo Santana para ser o candidato a vice-governador do petista. Sendo assim juntemos as três possibilidades em um balaio e as misturemos para concluir que a decisão de deixar a Fiec é um jabuti subindo em árvore.

QUEM ASSUME A FIEC?
ORA, O VICE. MAS...


Diante da decisão de Beto Studart de deixar a Fiec, quem assume o comando da mais poderosa entidade patronal do Ceará cujo caixa é recheado com o dinheiro da questionável contribuição sindical?

Basta passar a vista na linha de comando da entidade para concluir que a vaga caberá a Alexandre Pereira, empresário do ramo da indústria de panificação, as tradicionais e queridas padarias.

Porém, Alexandre não é apenas o vice-presidente da Fiec que chegou lá montado em um acordo para ser o sucessor de Studart. O homem é também presidente do PPS e secretário do Turismo da Prefeitura de Fortaleza. Um político, portanto.
 

Parece tudo bem, não é? Nem tanto, nem tanto. Consta que Studart tem outros planos quanto à presidência da Fiec. Atentem para o nome de Ricardo Cavalcante, seu amigo pessoal e homem mais próximo do presidente no dia a dia da entidade.

Até as paredes das padarias sabem que Studart não quer ver Alexandre Pereira como presidente da entidade. Porém, como fazer valer o desejo se o estatuto diz que, na renúncia do presidente, assume o seu vice? Ora, que tal mudar o estatuto? Virgem nossa! Trata-se de um caminho pedregoso e repleto de espinhos.

DE NOVO, A ILUSÃO DA MEIA
 

O juiz federal Jorge Luís Girão Barreto, titular da 2ª Vara da Justiça Federal no Ceará (JFCE), concedeu decisão em caráter liminar a favor do pedido do Ministério Público Federal (MPF) determinando que o Beach Park cumpra, de forma efetiva, as disposições da Lei nº 12.933 – a Lei de Meia-Entrada.

Segundo consta na decisão, o parque deve garantir que, no mínimo, 40% dos ingressos sejam “comercializados para todos que comprovem sua condição de beneficiário por meio da Carteira de Identificação Estudantil ou da Identidade Jovem”.

A multa diária, em caso de descumprimento da decisão, está afixada em R$ 20 mil, limitada ao montante máximo de R$ 200 mil, valor a ser revertido para o fundo federal de proteção de direitos dos consumidores.

Caros leitores, em ação, a República da Meia-Entrada, o mais ilusório dos benefícios.

Vale aqui uma pequena lição acerca de como funciona a economia. Um parque de diversões precifica, por exemplo o ingresso a R$ 30 para garantir o lucro planejado. Porém, o dono sabe que a metade dos pagantes será meia-entrada. O que ele faz? Simples: aumenta o preço da entrada para R$ 40. Dessa forma, faz valer o ticket
médio de R$ 30. Ok?

Assim vale para o cinemão, para o show de forró, para a decisão do campeonato de futebol, para o circo, o Beach Park e tudo o mais que for entretenimento. É a boa e velha diversão enquadrada no Brasil como “meia cultural”, como se cultura fosse.

Bom, claro que a mesma regra vale para a meia passagem de ônibus. Ou será que o juiz e o Ministério Público acreditam mesmo que é o dono do negócio que vai bancar a “meia” de seu próprio bolso? Não, não. Quem banca a meia, creiam, são os que pagam inteira. Básico, mas há os que gostam de se enganar e os que enganam vendendo
a ilusão da meia.

NAS REDES SEM DORMIR


Atenção, atenção. Erraram feio em eleições passadas os que apostaram demais no poder das redes sociais para conquistar votos. Continuará errando quem aumentar a aposta nas eleições vindouras. O motivo é muito simples: o Brasil, hoje nona economia do mundo, está na 63ª posição no ranking mundial que lista os países mais conectados à internet. No Brasil varonil, somente a metade da população tem acesso pessoal à internet. Ainda por cima, esse acesso ocorre em velocidade abaixo da média mundial. Por essas e por outras, o velho santinho é um sobrevivente nas disputas eleitorais do País.
 

QUADROS FORA DO NINHO
 

Sob os auspícios da presidência interina de Tasso Jereissati, o PSDB perdeu um dos seus quadros técnicos mais preparados e respeitados. Um dos principais artífices do Plano Real, o economista Gustavo Franco deixou o ninho tucano para assinar ficha no “Novo”. Na sigla declaradamente liberal, o homem que formulou a saída da URV como “moeda” paralela para que a nova moeda (o Real) não nascesse com DNA da inflação, vai comandar a fundação de estudos políticos e econômicos. Fala-se que os economistas Elena Landau e Edmar Bacha também vão seguir o mesmo caminho.

Fábio Campos

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