A aproximação da classe média brasileira de valores liberais representa uma guinada à direita? Willian Nozaki, cientista político da Fundação Perseu Abramo, explica que não necessariamente. Para ele, esta mudança de valores do brasileiro está mais ligada à decepção pela ausência do Estado, do que à defesa por um Estado menor. “O que as pessoas querem é um Estado que funcione, não necessariamente menor”.
 

Já para o advogado, membro do Conselho de Administração do Instituto Mises Brasil e presidente estadual do Partido Social Liberal, Rodrigo Marinho, o estudo evidencia o fracasso de projetos políticos de esquerda, como o do PT, que na avaliação dele, tentaram “colocar homens contra mulheres, ricos contra pobres, heterossexuais contra homossexuais”.
 

“As ideias liberais fazem sentido para qualquer dona de casa: você somente pode gastar aquilo que arrecada; você pode contratar com quem você quiser, desde que haja consentimento; a propriedade das pessoas, em especial dos mais pobres, deve ser protegida; quero ter liberdade para consumir e fazer escolhas, seja em que área for”.
O economista João Mario França entende que esta associação é difícil porque, no Brasil, mesmo entre os partidos intitulados de direita estes valores na economia não são claros. “A nossa direita no Brasil está muito mais próxima de uma pauta conservadora de valores, do que liberal na economia. Um representante como Bolsonaro, por exemplo, é muito mais identificado por questões como a união homoafetiva, do que necessariamente por propostas que privilegiem o mercado versus Estado e, pelo contrário, em seus projetos há uma defesa do Estado grande”.

Os especialistas, no entanto, acreditam que em função da descrença na classe política, deve crescer em 2018 a quantidade de candidatos que se apresentam como não políticos.