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Ética e sociabilidade. Estudo aponta família e religião como valores fundamentais
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Ética e sociabilidade. Estudo aponta família e religião como valores fundamentais

Pesquisa mostra a crença de que a crise ética não é problema só estrutural, mas também individual, algo a ser resolvido em âmbito privado
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O estudo da Fundação Perseu Abramo mostra que os valores liberais não estão presentes apenas na organização econômica, há uma tendência de expansão também no âmbito familiar. Para maioria dos entrevistados, a crise ética da sociedade não é um problema apenas estrutural, mas de ordem individual em função da presença excessiva de famílias desestruturadas. E que o caminho para resolver isso passa pela educação no âmbito privado.
 

A religião também é considerada central na vida dos entrevistados. A Fundação diz que a assiduidade de ida às celebrações religiosas ou a fidelidade a uma determinada Igreja/religião varia muito na amostra. Entretanto, independente dessas variáveis, a religiosidade é algo muito presente no discurso das pessoas. Há ainda uma maior adesão ao neopetencostalismo.
 

Para o professor da Unicamp, Márcio Pochmann, um dos traços que chama atenção neste resultado, é que esta aproximação está menos ligada à religiosidade em si e muito mais na prestação da sociabilidade, na volta de um sentido de comunidade que se perdeu. “A igreja se reconstrói para estar mais próxima e disponíveis aos fieis para ajuda-los na orientação do seu dia a dia, da sua família, na prestação do serviço”.
 

Na avaliação da doutora em filosofia Débora Antunes esta mudança de percepção de valores em cenários pós-crise não surpreende e se fez presente em vários momentos da história. O que preocupa, no entanto, é de que a tendência pelo individualismo agrave as desigualdades sociais. “O risco é uma participação cada vez menor das pessoas na luta por mudanças sociais mais efetivas. E isso pode gerar um agravamento das desigualdades e da culpabilização das pessoas pela sua situação de vida, seja pelo seu sucesso ou fracasso, quando na verdade não podemos tratar como iguais pessoas que tiveram pontos de partida diferentes”. 

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