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A importância de propor o jogo

2017-08-10 01:30:00

No tempo em que éramos reis do futebol, o falecido Gentil Cardoso ficou famoso e folclórico por traduzir em frases situações que aconteciam dentro e fora do campo. “A bola é feita de couro, o couro vem da vaca, a vaca come grama, então, joga rasteiro meu filho.”
Parte dessa frase foi atropelada pelo tempo, pois a bola hoje em dia é um produto sintético derivado do petróleo, embora o jogo deva continuar rasteiro. Uma que resiste até os dias de hoje: “deu zebra quando, por azar, um time favorito perdia para um time mais fraco”.
Inteligente e atualíssima é: “quem se desloca recebe, quem pede tem preferência”, que explica todas as triangulações num campo de futebol. Alguém detém a bola num dos vértices do triângulo, um companheiro pede, quem recebe é quem se desloca.


Gosto desse entendimento didático do Velho Marinheiro e vem a calhar num momento em que o nosso futebol despreza a influência das melhores equipes do mundo — nenhuma brasileira — que fazem da posse da bola e da troca de passes a sua maior referência.
Essa viagem na contramão está demonstrada no Footstats, site de estatísticas futebolísticas, que nos revela que da maioria das equipes vencedoras em 159 jogos da Série A do Campeonato Brasileiro, apenas vinte e seis por cento, ou seja, 42 equipes, venceram com maior tempo de posse da bola.
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Algum tempo atrás já tinha ouvido dos técnicos de futsal que, do jeito que as equipes estavam marcando, uma boa estratégia seria entregar a bola para o adversário, marcá-los, e aproveitar um erro para contra-atacar. Não pensei que fosse chegar ao futebol.
 

Chegou e lamento. Gosto das equipes e dos jogadores protagonistas. Por isso torço para que o técnico Marcelo Chamusca mantenha Tiago Cametá no time alvinegro. Bola nos seus pés o deixa ansioso e ele sai para o jogo com dribles rápidos, paradas bruscas e saídas rápidas.
 

Matéria do jornal de ontem do O POVO escreveu que o técnico alvinegro não sabe se escala Cametá ou Pio. O Pio tem vaga no meio do campo. Tem um canhão nos pés. Cametá não joga por uma bola. Propõe tanto o jogo que às vezes se atrapalha nas manobras ofensivas. 

 

 

Sérgio Redes

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