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Uma parte que pouco apareceu no noticiário
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Uma parte que pouco apareceu no noticiário

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A coluna Vertical publicou, na quinta-feira passada (22/6), a seguinte nota com o título ‘No terminal’: “Num protesto contra a “privatização” do aeroporto de Fortaleza, arrematado pela alemã Fraport, um grupo de funcionários da Infraero colocou, nesta semana, um caixão de defunto. Na área do check-in.” A leitura da notícia me fez verificar que, até então, nenhuma das matérias publicadas este ano sobre a venda do Aeroporto Internacional Pinto Martins para a empresa alemã AG Frankfurt Airport Service Fraport havia abordado a questão dos servidores da Infraero que trabalham no terminal de Fortaleza


Segundo levantamento feito pelo Banco de Dados do O POVO, a pedido da ombudsman, em 2017, foram publicadas 12 matérias sobre o assunto, sendo nove como manchetes de páginas e três como secundárias (não é principal). Em pelo menos duas ocasiões, o assunto foi parar na manchete do jornal. Quando do fechamento do negócio, em março passado, a cobertura contou com duas páginas sem anúncios. Os leitores do O POVO ficaram conhecendo dados sobre a empresa alemã, sobre como os empresários cearenses receberam a venda do aeroporto, sobre como o governador Camilo Santana se disse feliz com a notícia da negociação.

Mas nada de abordar o destino das pessoas que trabalham na Infraero.

Uma equipe do O POVO chegou a viajar para a Alemanha, no fim de março, para cobrir uma visita oficial que o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), fez aos executivos da Companhia Fraport.

Quem leu O POVO, porém, ficou sem saber, com detalhes, sobre os servidores. O assunto se restringiu a esta nota citada acima e a outra notícia, também na Vertical, informando que três vagas disponíveis no Aeroporto de Juazeiro do Norte estavam sendo pleiteadas por cerca de 40 servidores. Quantos funcionários trabalham em Fortaleza? Eles serão aproveitados em outras áreas? Serão transferidos? Serão aposentados? Existe Plano de Demissão Voluntária (PDV) previsto para eles? Qual a opinião deles sobre a venda do aeroporto? Como eles estão se adaptando às mudanças? Na cobertura feita pelo O POVO, até a última sexta-feira, esta fonte envolvida não foi contemplada como deveria.

É verdade que o leitor do O POVO teve acesso, nas matérias publicadas, a partes importantes e essenciais das fontes no processo da privatização do Aeroporto de Fortaleza: empresa, governos Federal e do Estado e empresários. Porém, nesta história, foi deixada de lado outra vertente do assunto. Os funcionários da Infraero – de Fortaleza ou da Infraero de Salvador, Porto Alegre e Florianópolis também privatizados – faziam parte diretamente da narrativa. Eram, portanto, fontes essencias para se costurar a história da privatização. Pela nota publicada na última quinta-feira, essa história ainda pode ser resgatada. Esquecer a parte mais fraca nunca é bom em jornalismo.. Além disso, tentar ouvir todas as vertentes de um assunto não é somente recomendável. É básico.

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O DIFERENCIAL DE DADOS


A editoria Política tem feito a cobertura do imbróglio que envolve a Assembleia Legislativa (AL) e o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) com certa regularidade. Entre Projeto de Emenda Constitucional (PEC) reapresentado na AL para abolir o órgão e o contra-ataque no Senado Federal com apresentação de proposta que proíbe a extinção de tribunais de contas no País ou a liminar suspendendo tramitação na AL, o jornal sempre tem feito a cobertura factual sobre o caso.

Na segunda-feira passada (19/6), no entanto, a informação de que o TCM havia lançado lista com mais de 20 nomes de deputados estaduais que já tiveram contas julgadas irregulares pelo órgão, e que, portanto, não deveriam poder participar da votação da PEC que extingue a corte de Contas no Estado, na AL foi dada com exclusividade pelo Diário do Nordeste. O furo, porém, não impediu que o assunto fosse retomado pelo Núcleo de Conjuntura (cobre Política) no dia seguinte. Mas foi na quinta-feira passada (22/6) que O POVO publicou matéria mais consistente sobre a divulgação dos nomes, que os deputados passaram a chamar de ‘lista do TCM’.

O conteúdo publicado no O POVO (ver fac-símile), a partir de levantamento próprio, listava 26 deputados, sendo 15 com processos julgados em definitivo e 11, com processo em tramitação. A partir da pesquisa, constatou-se que a lista tinha, em sua maioria, casos leves, como atrasos ou envios irregulares de prestações de contas de gestão. A leitura do dado, que foi exclusivo, tornou-se um bom ponto de leitura na semana.

O caso do levantamento é simples, mas mostra, mais uma vez, o quanto é importante que os jornalistas invistam em análise de dados para não depender apenas de informações vindas de pessoas que ocupam cargos.

As informações colhidas com estas fontes são importantes para a formatação das matérias, e todos os lados precisam ser ouvidos. Entretanto, é sempre significativo lembrar que elas representam apenas um lado do todo, às vezes, contaminado de interesse. No caso citado, o diferencial partiu de consulta a uma fonte documental que resultou numa leitura eficaz.

PARA ACIONAR A OMBUDSMAN


Os leitores das diversas plataformas do O POVO podem entrar em contato com a ouvidoria pelo WhatsApp - (85) 988 93 98 07; por email (ombudsman@opovo.com.br) ou telefone fixo (3255 6181). O leitor pode ainda visitar a ombudsman se necessário. Basta ligar e agendar. 

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