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Algumas certezas entre as incertezas

2017-07-29 17:00:00

 
Considerando que no Brasil até o passado é incerto, exercitar a futurologia nas áreas da política e da economia é sempre uma temeridade. Para não dizer imprudência. Tudo fica ainda mais sombrio quando a conjuntura tem juízes, o Ministério Púbico Federal, policiais e delatores como os maiores protagonistas. Infelizmente, a análise política perdeu espaço para as investigações policiais, para as delações e as sentenças de juízes.

Quando Dilma Rousseff governava o País, a economia mergulhava na recessão avassaladora em um abraço mortal com a crise política.

Juntava-se a imperícia na arte da política que tanto caracterizava a “presidenta” com a imperícia administrativa na condução da economia.

Fatos que levaram o País à sua mais dura recessão que ainda faz seu povo sangrar.

Com Michel Temer, a arte da política encontrou um profissional do ramo. Na economia, o presidente fez o que tinha de fazer e entregou o controle ao respeitado Henrique Meirelles, o preferido de Lula. A crise política continuou, chegou a avançar com a delação dos irmãos Joesley, mas a economia deixou de ser irmã siamesa da política.

Óbvio ficou que a delação da JBS, que escandalosamente deixou livres criminosos confessos que admitiram ter corrompido dois mil políticos, tinha um alvo muito claro: estraçalhar Michel Temer. Tudo correu numa velocidade supersônica. A bomba construída por Rodrigo Janot até que atingiu o alvo, mas não o destruiu. Caso a capacidade de sobrevivência política permita a Temer ficar no Palácio do Planalto até dezembro de 2018, é muito provável que o sucessor encontre o País em condições econômicas bem menos dramáticas do que a que hoje rege a Nação. Diga-se: a situação hoje já é menos pior do que aquela que prevalecia meses atrás.

Em função disso, o futuro pode ser menos sombrio. Porém, é preciso retirar das mãos dos políticos o excesso de poder que gerou tanta roubalheira. Não há outro caminho que não seja a privatização, o enxugamento da máquina, a profissionalização do serviço público e a governabilidade montada em padrões civilizados.
Até aqui, não há muitos preocupados com isso.

HÁ ALGO DE PROMISSOR


No Ceará, a situação é a seguinte: do ponto de vista do equilíbrio fiscal, o Estado vai bem. As contas se mantêm em situação razoável considerando-se um contexto de recessão na economia. Até a campanha eleitoral, esse quadro deverá se manter. Portanto, o líder do próximo mandato de governador, que pode ser o segundo mandato de Camilo Santana, pegará o Governo em condições provavelmente bem melhores. Afinal, há a expectativa de que o País já tenha deixado a recessão para trás e viva um quadro de crescimento econômico. Portanto, com mais dinheiro para investimentos públicos.

Melhor: a chegada de Maia Júnior na gestão de Camilo deu ao Governo elementos de profissionalização e planejamento que não tinha até então. Os rumos passaram a ser organizados e as metas estabelecidas.

Há projetos em andamento e outros em construção.

Portanto, o próximo mandato de governador deve ser bem menos difícil do que foram até aqui os dois anos e meio de Camilo. Mais ainda se a natureza ajudar permitindo uma sequência de bons invernos.

Porém, não apostem em eleição fácil. Os partidos, embora ainda esperem os delineamentos da política nacional, já se movimentam para juntar forças e lançar candidaturas viáveis. O jogo está completamente aberto, fiquem certos.
 
A LISTA DE PESSOA


Em conversa com o experiente Roberto Pessoa, ex-deputado federal e ex-prefeito de Maracanaú, ouvi dele que a tendência no Ceará é que as forças que vão se unir no âmbito nacional em torno do PSDB reproduzam aqui a mesma aliança. Acerca de candidaturas ao Governo, Pessoa afirma que vai esperar o posicionamento de Eunício Oliveira, muito embora, no íntimo, não creia na candidatura do senador. “Em segundo lugar, que na verdade é primeiro lugar, vamos esperar o posicionamento do senador Tasso Jereissati”, diz. Por fim, cita o deputado Capitão Wagner como alternativa. “Mas não descarto novidades”, disse. Ou seja, pode haver surpresa.

OS NOVOS JOGADORES


Venho dizendo que a grande novidade na política brasileira desde o fim da ditadura foi o surgimento das organizações partidárias e movimentos que defendem o liberalismo econômico. Aves raras nos trópicos. Esses grupos conseguiram um feito que parecia improvável: os liberais quebraram a hegemonia da esquerda nas ruas e nas redes sociais.

Lembrem-se que foram eles que levaram milhões às manifestações e, por consequência, foram fundamentais para provocar o impeachment de Dilma Rousseff. Parte desses novos militantes, a maioria jovem, se integrou ao Livres, que é o antigo PSL. Outros estão no Novo.

LIBERAL RADICAL


O Partido Novo projetou se viabilizar como um player importante na política nacional ao longo dos próximos dez anos. A ideia central era eleger deputados federais. A sigla avalia que o Congresso é a principal arena para as mudanças liberais que o partido prega. No entanto, as coisas se precipitaram e é provável que o partido apresente candidatos a senador e a governador. O mais citado é Bernadinho do vôlei, que se filiou ao Novo no Rio de Janeiro. Detalhe: o Novo, por princípio, renega o Fundo Partidário. Jamais recebeu a cota que lhe cabe. A Justiça Eleitoral não sabe o que fazer que com essa fatia do fundo que não foi resgatada pela sigla.

A propósito, um dos idealizadores e fundadores do Novo, João Amoedo, tem agenda em Fortaleza no próximo dia 2 de agosto. O liberal participa de um café da manhã com debate a partir das 8 horas, no hotel Holiday Inn. Amoedo deixou a presidência da sigla para se candidatar a deputado federal, como determina uma das regras do partido.

COLABORADORES


Na noite da última quinta-feira, foi lançada a mais nova edição do Anuário do Ceará. Uma bela festa repleta de conversas sobre economia e política. Fofocas também não faltaram. Lá se vão quase 17 anos desde que o Anuário ganhou novo formato e conteúdo. Nessa nova trajetória provocada por Demócrito Dummar e abraçada por Luciana Dummar, importante citar as determinantes contribuições do ex-presidente da Fiec, Jorge Parente, como incentivador de primeira hora do projeto, do jornalista Paulo Linhares, que ajudou a desenhar as linhas do novo formato, e do economista Cláudio Ferreira Lima, o eterno e competente consultor de conteúdo da publicação. 

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